H1N1 volta mais forte e triplica casos de morte no Brasil

Letícia Saturnino
LETÍCIA SATURNINO
Letícia Saturnino
Publicado em 24/07/2018 às 14:28
Foto: Pixabay
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O vírus H1N1 vem avançando rapidamente. Ele é responsável por quase triplicar o número de mortes no Brasil este ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Até 14 de julho, o vírus fez 839 vítimas, segundo dados do Ministério da Saúde. Considerado mais agressivo, o tipo H1N1 do vírus é o que mais circula no País. O total de óbitos já é 68% maior do que o relatado em todo o ano de 2017.

O número de casos de gripe também cresceu: houve alta de 162% comparado com o mesmo período do ano passado. Especialistas afirmam que também é comum haver subnotificação de ocorrências menos graves.

Marcos Boulos é infectologista e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo. Ele explica que o tipo de vírus em circulação no País hoje é mais agressivo em relação ao que circulou há um ano. “O H1N1 é mais agressivo. Mata em todas as idades e o H3N2 (outro tipo de vírus) pega mais em idosos”, diz.

Segundo o ministério, são 1.702 casos dos 4.680 de todo o País. E quase 40% das mortes por gripe no Brasil foram registradas em São Paulo (320). Nem todos óbitos são de pacientes com algum fator de risco (como gravidez, diabetes e velhice). Do total de óbitos, um em cada quatro não se encaixa nesses grupos mais vulneráveis.

Boulos afirma que é possível que a transmissão caia com a diminuição do frio. “Mas ainda não começou a cair. Temos níveis altos de transmissão.” Além de ser altamente contagiosa, a gripe pode ser prevenida com a vacina. As doses disponíveis na rede pública protegem contra os três subtipos do vírus (H1N1, H3N2 e influenza B). O País conseguiu bater a meta de vacinar 90% do público-alvo este ano, a campanha foi prorrogada duas vezes até a meta ser atingida, porém a cobertura vacinal não é homogênea. O Centro-Oeste e o Nordeste foram as únicas regiões a atingir a meta. Norte, Sudeste e Sul tiveram as menores coberturas, 86,6%, 86,9% e 88,6%.

Maior Risco

Gestantes e crianças entre 9 meses e 5 anos são o grupo que mais preocupam. O Ministério da Saúde informou que não estuda retomar vacinação pois a meta foi praticamente alcançada. A pasta ainda disse ter aplicado, para o público-alvo, 52 milhões de doses. Para outros grupos, foi aplicado 2,6 milhões de doses.

Para Paulo Olzon, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a campanha anti-vacinação atrapalha. “Tem muita fake news falando de efeitos nocivos da vacina. Tem uma série de desserviços.”

“Muitos acreditam que, após tomar vacina, desenvolvem a gripe. Não tem nada a ver”, diz Zarifa Khoury, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Na rede pública, a vacina é aplicada para o público prioritário e foi estendida, em algumas cidades, para crianças entre 5 e 9 anos e adultos entre 50 e 59 anos.

Procura por vacinas aumentou na rede privada

A rede privada teve uma alta de 20% na busca pela vacina da gripe em 2018, segundo Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas. "Ano a ano, o público adulto, que não é muito sensibilizado pelos médicos para tomar a vacina, está fazendo essa busca espontânea. Esse grupo é o que não está (como alvo) nas campanhas.” Na rede privada, diz ele, o imunizante custa entre R$ 80 e R$ 140.

Com informações do Estadão.