Mais de 70% dos fumantes brasileiros que tentaram largar o tabagismo não conseguiram, revela estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/05/2018 às 9:45
O tabagismo é responsável por cerca de 6 milhões de mortes anuais no mundo, dos quais mais de 600 mil estão associadas à exposição involuntária à fumaça do tabaco, o chamado fumo passivo (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
O tabagismo é responsável por cerca de 6 milhões de mortes anuais no mundo, dos quais mais de 600 mil estão associadas à exposição involuntária à fumaça do tabaco, o chamado fumo passivo (Foto: Guga Matos/JC Imagem) FOTO: O tabagismo é responsável por cerca de 6 milhões de mortes anuais no mundo, dos quais mais de 600 mil estão associadas à exposição involuntária à fumaça do tabaco, o chamado fumo passivo (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Os brasileiros até reconhecem que o tabagismo é perigoso, mas 72% dos que fumam não tiveram sucesso em suas tentativas de parar de fumar. Além disso, 83% dos fumantes brasileiros relatam que estão “bem informados” sobre o impacto do tabagismo na saúde, 69% disseram que planejam parar e 57% dos que tentaram parar disseram que precisariam de ajuda para conseguir. Esses são os principais dados de um novo estudo realizado pela Foundation for a Smoke-Free World (Fundação para um Mundo Livre de Fumo) e divulgado neste Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio).

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Os resultados da pesquisa reforçam a importância de ajudar os fumantes a ter novas opções para largar o vício e seguir uma vida mais saudável. "Os dados mostram o que sabemos há décadas: que muitos fumantes têm o desejo de parar, mas não encontram os meios para isso", explica o presidente da fundação, Derek Yach, e que esteve diretamente envolvido com o desenvolvimento do Tratado Mundial para Controle do Tabaco, o Framework Convention on Tobacco Control (FCTC), além de ter sido Diretor Executivo para doenças não transmissíveis e saúde mental na Organização Mundial de Saúde (OMS).

Consequências

O tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas todos anos. Aproximadamente 80%, entre 1 bilhão de fumantes no mundo, vivem em países de baixa e média renda, onde as doenças e morte relacionadas ao tabaco são maiores. Os novos dados da pesquisa da fundação apontam os desafios de criar um tratamento único que ajude todos os fumantes ao redor do mundo a parar de fumar e deixam claro que eles estão sacrificando o bem-estar físico e econômico, mesmo que muitos deles tenham o desejo de parar.

“Desde que o Royal College of Physicians descobriu há 2 anos que a redução de danos tem enorme potencial para prevenir a morte decorrente do uso do tabaco, continuamos a ignorar o fato de que muitos fumantes não querem parar porque obtêm prazer ao fumar. Os avanços em produtos para redução de danos são literalmente uma questão de vida ou morte para essas pessoas”, acrescentou Yach.

Assista a programa sobre tabagismo na TV JC (29/8/17):

A Fundação para um Mundo Livre de Fumo adota uma nova abordagem para ajudar fumantes a pararem ou reduzirem os riscos do tabagismo. Eles estão sendo ouvidos para levantar quais os principais desafios enfrentados diante da decisão de parar. Para atender o Tratado Mundial para Controle do Tabaco, a fundação está comprometida em financiar uma série de pesquisas que priorizará a descoberta de novos métodos para redução de danos e para deixar de fumar, respondendo de forma mais efetiva às necessidades comportamentais e de saúde dos fumantes que lutam para deixar o tabaco.

Mesmo no Brasil, onde os esforços para parar de fumar foram parcialmente bem-sucedidos, 18,6 milhões de pessoas continuam a ameaçar sua saúde fumando tabaco combustível todos os dias. O Brasil presidiu o Tratado Mundial para Controle do Tabaco na América Latina para implementar e promover as medidas no País. Os países vizinhos devem se beneficiar da experiência brasileira no combate ao fumo com o objetivo de largar e reduzir danos.