Alergia ao látex causa problemas que vão de prurido a choque anafilático; fique atento

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/02/2018 às 12:12
O látex é encontrado em produtos médico-cirúrgicos e também em balões de festas e preservativos, entre outros objetos (Foto: Pixabay)
O látex é encontrado em produtos médico-cirúrgicos e também em balões de festas e preservativos, entre outros objetos (Foto: Pixabay) FOTO: O látex é encontrado em produtos médico-cirúrgicos e também em balões de festas e preservativos, entre outros objetos (Foto: Pixabay)

O látex, encontrado em produtos médico-cirúrgicos e também em chupetas de crianças, brinquedos, balões de festas e preservativos, entre outros objetos, pode desencadear reações alérgicas de moderadas a grave. Os sintomas vão desde prurido nas mãos, rinite e asma até a forma mais grave, cuja reação pode resultar em uma anafilaxia. Geralmente a resposta alérgica pode iniciar por inalação de partículas de látex em suspensão em locais onde houve manipulação de luvas e balões de festas.

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O contato com partículas de látex pode induzir formação de anticorpos que causam alergia. Isso é mais comum entre pessoas alérgicas e em quem tem contato diário ou muito frequente com o látex, como médicos, enfermeiros, dentistas e pessoas submetidas a múltiplos procedimentos cirúrgicos.

De acordo com a médica Fátima Emerson, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), algumas pessoas alérgicas ao látex apresentam sensibilização cruzada a alimentos. "Isso significa que o anticorpo IgE, ao mirar a proteína do látex, atinge também proteínas do alimento que têm estrutura semelhante. Assim, a pessoa vai apresentar reação alérgica não apenas ao látex, mas também a tais alimentos. A esse problema, dá-se o nome síndrome látex-fruta, pois frutas foram os primeiros e os mais frequentes alimentos descritos com reações cruzadas ao látex", explica a médica. As principais frutas causadoras dessa síndrome são banana, kiwi, abacate, papaia e castanhas, mas reações cruzadas com batata, mandioca e outros legumes também já foram descritas.

Saiba mais

A anafilaxia ao látex deve ser diagnosticada pela história clínica cuidadosa, exames laboratoriais (IgE sérica específica) e testes alérgicos. A detecção de anticorpos IgE específicos e os testes cutâneos positivos conferem alto grau de certeza ao diagnóstico.

“Ao se confirmar o diagnóstico, o passo seguinte é a eliminação de todas as fontes de látex a que o paciente pode se expor e identificá-lo durante atendimentos, exames laboratoriais e procedimentos odontológicos para que ele não corra riscos. Se o paciente tem contato profissional com látex, precisa utilizar outro tipo de material ou ser remanejado de suas funções”, frisa Fátima.

Sempre que um paciente com história de anafilaxia ao látex necessitar de intervenções cirúrgicas, a equipe médica e de enfermagem deve seguir padrões rigorosos de cuidados para não expô-lo a risco. Protocolos internacionais estão disponíveis e orientam profissionais a abordar esse tipo de situação.

Não há, por enquanto, tratamento padronizado para dessensibilização ao látex. No entanto, a imunoterapia sublingual está sendo testada, mas ainda não se confirmou a sua segurança e eficácia.

A crise de anafilaxia, ao se inalar ou ter contato com o látex, deve ser tratada como qualquer outra crise anafilática, lembrando-se do papel fundamental da adrenalina. O paciente deve sempre levar com ele o cartão de identificação, já disponível para impressão no site da ASBAI através deste link: https://www.asbai.org.br/imageBank/asbai_cartao-pf.jpg .

Orientação sobre o tratamento imediato de crises, até que possa chegar ao pronto-atendimento e receber a assistência médica integral, é fundamental.