Carnaval: um guia completo para cair no passo do frevo com saúde e disposição

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/02/2018 às 16:01
É preciso cuidar da saúde e ficar atento para aguentar o pique de todo o Carnaval sem extrapolar (Foto: Leo Motta/Divulgação/PCR)
É preciso cuidar da saúde e ficar atento para aguentar o pique de todo o Carnaval sem extrapolar (Foto: Leo Motta/Divulgação/PCR) FOTO: É preciso cuidar da saúde e ficar atento para aguentar o pique de todo o Carnaval sem extrapolar (Foto: Leo Motta/Divulgação/PCR)

Com os festejos e prévias de Carnaval a todo o vapor, é preciso cuidar da saúde e ficar atento para aguentar o pique da folia sem extrapolar. E isso não é brincadeira para amadores, viu? É o que garante o profissional de educação física Cláudio Barnabé, especialista em fisiologia. Ele ressalta que um folião que faz, por exemplo, todo o percurso do Galo da Madrugada, que arrasta uma multidão de foliões no Recife, gasta a mesma quantidade de calorias do que um atleta ao percorrer uma meia maratona. Ou seja, é preciso estar preparado para as festas de Momo. E para ajudar o folião a curtir os quatro dias de festa sem deixar a saúde de lado, o blog Casa Saudável conversou com especialistas que dão uma série de dicas para quem deseja curtir os festejos com disposição e bem-estar.

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Olha que maratona...

O Carnaval pernambucano, principalmente de Olinda e do Recife, é tão intenso que se torna missão para folião profissional. São oficialmente quatro dias de folia, com festa durante todo o dia, sem falar da Quarta-Feira de Cinzas e das prévias que aquecem os foliões. Como sabemos, nem todos estão preparados, e a maioria não suporta o pique do período carnavalesco. Calor, cansaço, má alimentação e falta de preparo físico podem atrapalhar a diversão.

Especialista estima que um folião que faz todo o percurso do Galo da Madrugada gasta a mesma quantidade de calorias do que um atleta ao percorrer uma meia maratona (Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem)

O profissional de educação física Cláudio Barnabé, especialista em fisiologia e mestre em hebiatria (especialidade que cuida da saúde dos adolescentes), destaca que a maioria das pessoas que curte a maratona do Carnaval é sedentária. “Boa parte dos foliões não tem preparo físico algum. Não faz nenhum tipo de aquecimento muscular ou alongamento, não realiza atividades aeróbicas e não possui a menor aptidão física, o que favorece a sobrecarga muscular. Isso pode ser um risco”, alertou.

O fisiologista ressaltou a intensidade do esforço físico que o folião realiza no percurso do Galo da Madrugada e no sobe e desce das ladeiras de Olinda. “As pessoas, em média, podem gastar de quinhentas a mil calorias por hora no Carnaval, o que é potencializado com a exposição contínua ao sol. Então, se pensarmos que o percurso do Galo tem de cinco a dez quilômetros, realizado em quatro, cinco, seis horas, o gasto energético pode chegar de três mil a seis mil calorias. Dessa forma, é importante ficar atento à alimentação”, orienta o especialista.

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Para se ter noção, o gasto energético de seis mil calorias é o equivalente a correr uma meia maratona. No caso de Olinda, ainda é acrescido o fator das ladeiras, que intensifica o desgaste físico. Sendo assim, segundo Barnabé, um folião que brinca os quatro dias de folia em Olinda, realiza o mesmo esforço que um atleta ao jogar uma partida de futebol profissional por dia. Isso equivale a dez lutas de judô, duas partidas de futsal e quatro partidas de vôlei.

De olho no cardápio

Para não perder o pique e manter a saúde na festa de Momo, a nutricionista Virgínia Campos lista os alimentos nos quais o folião deve apostar e aqueles que merecem atenção nos quatro dias intensos de comemoração.

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Para Virgínia, primeiramente, o folião deve se alimentar por completo antes de sair de casa, com uma dieta balanceada, explorando os legumes, folhas, gorduras do bem, proteínas e um carboidrato de qualidade. “Os foliões têm um gasto energético muito alto. Portanto, é importante não deixar de repor essa energia. Os alimentos ricos em carboidratos fornecem a energia para curtir todos os dias, pois dão maior sensação de saciedade e disposição”, explica.

Com o suor, perdem-se água, minerais e vitaminas. Nesse sentido, a água de coco é ideal para fazer a reposição (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

A nutricionista lembra a importância de se alimentar regularmente e procurar opções de lanche, entre as principais refeições, mais saudáveis durante a folia. “Entre as dicas, estão salada de frutas, amendoim, castanhas e queijos.” Para aqueles que emendam um bloco no outro, por exemplo, Virgínia dá sugestões de lanches que podem ajudar o folião a aguentar o pique da maratona. “Para quem sai direto de um lugar para outro, reforçar a alimentação com tapiocas e espetinhos é uma opção interessante que pode dar um vigor mais longo ao folião.”

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Com o mormaço escaldante do verão pernambucano, tomar aquela caipirinha ou uma cervejinha gelada para matar o calor pode ser uma saída, mas a nutricionista lembra a importância de se manter hidratado. “É sempre bom evitar ingerir bebida alcoólica de estômago vazio e, ao consumir, não se deve esquecer da hidratação entre uma dose e outra. O álcool desidrata o organismo e dá uma falsa sensação de saciedade da sede. Por isso, temos que se lembrar de estar sempre consumindo água. A água de coco é muito indicada durante a folia, pois perdemos muita água pelo suor, principalmente por causa do calor do alto verão, o que exige um cuidado redobrado” diz.

Não dê brecha ao sol

Com as altas temperaturas, é importante também lembrar a importância do uso do filtro solar. Durante a folia ao ar livre, especialmente entre 10h e 15h, as pessoas recebem alta dose de radiação solar e devem adotar ainda medidas para se proteger. Para a dermatologista Anna Emília Guerra, o uso de bonés e de chapéus de abas largas pode ajudar.

Com as altas temperaturas nesta época de Carnaval, é importante caprichar na proteção solar e na hidratação (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Para a pele não ressecar, Anna Emília lembra a importância da hidratação do corpo e dá uma dica: “É interessante que, pela manhã, ao acordar, antes de sair para Olinda ou para o Galo, não se lave o rosto com sabonete, e sim somente com água”. E ela explica o porquê dessa orientação: “O sabonete remove a oleosidade natural da pele, o que faz perder uma primeira barreira de proteção. Isso propicia o ressecamento mais rápido da pele e uma maior exposição (ao sol)”, explica.

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“É importante também usar um protetor adequado, no mínimo fator 30, mas que tenha textura condizente com o grau de exposição ao sol, de maneira que o protetor possibilite uma condição melhor e mais tempo de exposição”, salienta Anna Emília. A dermatologista ainda lembra a importância de se reaplicar o protetor solar após determinado tempo.

Sobre os glitters, brilhos e maquiagens, a dermatologista alerta sobre os cuidados que se deve tomar. “O folião deve ficar atento ao usar esses adereços e também perfumes, pois eles podem até ser adequados para o uso na pele, mas não são adequados para o uso quando há exposição solar. Isso pode ocasionar queimaduras de maior ou menor grau, de acordo com o grau de exposição e a sensibilidade da pessoa”, alerta.

Caprichar na maquiagem faz parte da rotina carnavalesca, mas é importante ter cuidado com o uso de alguns produtos, como o glitter (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

Sem esses cuidados, abrem-se as portas para os riscos de insolação, desidratação e queimadura solar. Para curtir os roteiros de Momo sem contratempos, ainda é recomendado usar trajes leves com proteção ultravioleta (UV), segundo a dermatologista.

O risco da doença do beijo e de infecções sexualmente transmissíveis

Nos dias de folia, o microbiologista Bruno Severo Gomes, lembra o cuidado para se evitar as doenças e as infecções que podem ser transmitidas durante a festa. “Os problemas são variados e podem estar relacionados à má alimentação, que ocasiona a baixa de imunidade, e à aglomeração de pessoas. O próprio beijo pode causar doenças. Entre os problemas mais comuns nesse período, estão a mononucleose, a sífilis, a herpes, as hepatites A e B”, destaca Bruno.

Mais frequente entre jovens adultos de 15 a 25 anos, a mononucleose infecciosa, a famosa doença do beijo, é comum em quem costuma “ficar” com várias pessoas, pois é transmitida pela saliva. Mas, então, como é possível pular Carnaval tranquilo e ficar longe desse perigo? Bruno é bem direto e incisivo. “Diminuir a quantidade de parceiros pode reduzir as chances de se contrair o vírus”, diz.

Troca de beijos é comum no Carnaval. Para evitar problemas, como a doença do beijo, é essencial tomar alguns cuidados (Foto ilustrativa: Pixabay)

Porém, embora o beijo seja a forma mais comum de se contrair o vírus, não é o único meio de contágio. “O ideal seria evitar qualquer tipo de contato direto com a saliva de outras pessoas. Por isso, o ideal é não usar copos de outras pessoas”, acrescenta o especialista.

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O microbiologista faz outro alerta: não se deve esquecer a camisinha. “O uso do preservativo é um fator determinante para a prevenção, pois evita doenças sexualmente transmissíveis (aids, sífilis, herpes e hepatite B) e gravidez indesejada.