Pernambuco bate recorde com 1.790 transplantes de órgãos e tecidos em 2017

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/01/2018 às 13:17
A doação de órgãos é um ato de solidariedade que salva vidas (Foto ilustrativa: Pixabay)
A doação de órgãos é um ato de solidariedade que salva vidas (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: A doação de órgãos é um ato de solidariedade que salva vidas (Foto ilustrativa: Pixabay)

O número de transplantes realizados, em 2017, em Pernambuco é o maior desde 1995, ano em que a Central de Transplantes do Estado (CT-PE) foi criada. Com o trabalho de conscientização da população sobre a importância do ato de doar órgãos e tecidos, além das capacitações dos profissionais de saúde, Pernambuco conseguiu realizar 1.790 procedimentos em 2017 (antes, o ano com mais transplantes realizados era o de 2012, com 1.690). O trabalho tem refletido na diminuição da lista de espera por um órgão ou tecido no Estado. No ano passado, a fila saiu da marca dos mil: atualmente 931 pacientes aguardam um transplante. A maior fila é por um rim, com 766 pacientes, seguida de fígado (78), córnea (62), medula óssea (14), coração (9) e rim/pâncreas (2).

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"A Central de Transplantes, ao lado dos serviços de saúde e os profissionais envolvidos nesse processo, tem trabalhado permanentemente para diminuir o tempo de espera de um paciente em fila de espera, seja por meio de capacitações das equipes hospitalares ou pela conscientização do público. Em 2017, conseguimos retomar o status de córnea zero, quando o paciente, depois de realizar os exames necessários para ser inscrito na fila de espera, faz o transplante em até 30 dias", afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes. Ela acrescenta que, além do recorde no número total de transplantes, Pernambuco bateu o recorde de transplantes de coração e de rim. "Isso significa mais esperança para a população e vida para quem consegue um órgão ou tecido."

"Precisamos tirar dúvidas, derrubar mitos e quebrar preconceitos, além de saber que a doação de órgãos pode salvar muitas vidas", frisa Noemy Gomes (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Em 2017, Pernambuco realizou 404 transplantes de rim. Anteriormente, o ano com mais procedimentos tinha sido em 2015, com 344. No caso de coração, foram 54 em 2017, contra 45 em 2015. "A população precisa saber como exercer seu direito de ser um doador. Para isso, é preciso externar essa vontade ainda em vida para os seus familiares. Nós sabemos da dor no momento do falecimento de um ente querido, mas é importante termos a consciência que um único doador pode dar mais qualidade de vida a até sete pessoas em fila de espera", reforça Noemy.

Dados gerais

Durante todo o ano de 2017, Pernambuco concretizou 1.790 transplantes. O quantitativo é 22,27% maior do que o mesmo período de 2016, com 1.464 procedimentos. O maior crescimento foi nos transplantes de coração, com 54 em 2017 e 38 em 2016 (aumento de 42%). Em seguida, vem rim: 404 em 2017 e 286 em 2016 (aumento de 41%).

Fonte: SES/PE - Fonte: SES/PE
Fonte: SES/PE - Fonte: SES/PE

Ainda foram realizados 225 procedimentos de medula óssea (187 em 2016 – crescimento de 20%), 968 de córnea (827 em 2016 – ampliação de 17%), 129 de fígado (112 em 2016 – aumento de 15%). Também foram feitos 6 transplantes de rim/pâncreas, 2 de fígado/rim e 2 de válvula cardíaca.

Pernambuco ainda teve um aumento de doadores por milhão de população (pmp). Em 2016, o número era de 15 doadores por milhão de população (pmp). Em 2017, o quantitativo ficou em 20 pmp - também o maior da história do Estado. O recorde anterior era de 2015, com 18 pmp.

Assista ao programa sobre doação de órgãos na TV JC:

Autorização

Em 2017, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) realizaram 341 entrevistas com familiares de pacientes com morte encefálica. Desse total, 188 autorizaram a doação e 150 negaram. Isso significa que 43,9% das potenciais doações não puderam ser efetivadas.

A morte encefálica acontece quando o cérebro perde a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. No caso da morte encefálica, o paciente é um potencial doador de órgãos sólidos (coração, rins, pâncreas e fígado) e tecido (córnea). No caso da morte do coração, o paciente pode doar apenas as córneas.

"Entre os motivos da negativa familiar, está o desconhecimento da população sobre a morte encefálica e sobre a integridade do corpo após a doação. Precisamos informar que o diagnóstico de morte encefálica segue um rígido protocolo na sua confirmação e que a família receberá o corpo do ente querido íntegro para realizar todas as cerimônias de despedida. Como a doação só ocorre com a autorização de um familiar de até segundo grau, de acordo com a legislação brasileira, precisamos difundir esse tema, tirar dúvidas, mitos e quebrar preconceitos, além de saber que esse ato pode salvar muitas vidas", pontua Noemy.