Parto cesárea agendado sem necessidade traz riscos para mãe e bebê; campanha faz alerta

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/12/2017 às 15:59
Projeto Parto Adequado lembra a importância do nascimento natural para a mãe e o bebê (Foto: Igo Bione/Divulgação)
Projeto Parto Adequado lembra a importância do nascimento natural para a mãe e o bebê (Foto: Igo Bione/Divulgação) FOTO: Projeto Parto Adequado lembra a importância do nascimento natural para a mãe e o bebê (Foto: Igo Bione/Divulgação)

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) inicia uma nova campanha do Projeto Parto Adequado para sensibilizar gestantes e profissionais de saúde a evitarem o agendamento de cesarianas. O projeto, desenvolvido em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), visa incentivar o parto normal e conscientizar as futuras mamães e toda a rede de atenção obstétrica sobre a realização de cesáreas sem indicação clínica.

Como há um crescimento no número de partos cirúrgicos marcados no fim do ano, devido às férias e festas, a iniciativa traz importantes mensagens para lembrar os riscos acarretados pela antecipação do nascimento de bebês, fora do trabalho de parto, sem que eles deem sinal de que estão prontos.

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Nas redes sociais, a ANS e as entidades parceiras divulgam informações importantes sobre o nascimento no tempo certo. Entre os benefícios do parto normal, que são abordados de forma explicativa na campanha, destacam-se: menor risco de complicações para a mãe e o bebê decorrentes da cirurgia, indução ao aleitamento materno devido à liberação de hormônios que facilitam o início da amamentação, contato imediato entre mãe e bebê (estimulando a interação materna), preparação do bebê para o ambiente externo com maior amadurecimento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, o que reduz a incidência de doenças infantis. Além disso, o parto normal proporciona recuperação mais rápida do útero e do corpo da mulher.

"Entre dezembro e fevereiro, constata-se o aumento do número de agendamentos desnecessários de cesáreas devido aos feriados de Natal, ano-novo e Carnaval. Por isso, é importante que a ANS reforce a campanha de conscientização ao estímulo ao Parto Adequado", explica o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar.

Resultados

O Projeto Parto Adequado foi iniciado em 2015 e vem identificando modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, reduzindo o número de cesarianas desnecessárias. O projeto está em sua fase 2, que será concluída em maio de 2019. Nesta etapa, participam hospitais e operadoras de todo o País. Foram selecionadas 136 maternidades e 68 operadoras de planos de saúde que manifestaram interesse em atuar como apoiadoras do projeto. Números que mostram o crescimento da iniciativa, já que a Fase 1 contou com a adesão de 35 hospitais. Ao longo de 18 meses, os hospitais pilotos protagonizaram a criação de um novo modelo de assistência maternoinfantil para o Brasil e evitaram a realização de 10 mil cesarianas desnecessárias.

Respeito às fases da gestação

A proposta da campanha digital da ANS é lembrar às futuras mamães e aos profissionais de saúde que o bebê tem seu tempo e que as fases da gestação devem ser respeitadas. É importante que a mãe se inteire e busque apoio de especialistas para entender as opções, fazendo sua escolha de forma consciente. Estudos científicos apontam que bebês nascidos de cesarianas apresentam maiores riscos de complicações respiratórias e são internados em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal com mais frequência.

"A mulher tem o direito de ser informada para se tornar parte ativa na decisão pelo tipo de parto. Hoje, não há evidências científicas que justifiquem o agendamento de uma cesariana, salvo algum risco claro para a saúde da mãe e do bebê. É importante buscar a opinião dos médicos, enfermeiras e demais profissionais que acompanham o pré-natal e trocar experiências com mulheres que tiveram diferentes tipos de parto", destaca a coordenadora do projeto Parto Adequado na ANS, Jacqueline Torres.