'Cartão amarelo' para a vacina da dengue faz questionar: há riscos para quem já se imunizou?

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/12/2017 às 17:46
O Aedes aegypti é tão medonho que, a todo instante, consegue surpreender, despistar e vencer a ciência. Portanto, vacinadas ou não, as pessoas não podem baixar a guarda para combater o mosquito (Foto ilustrativa: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
O Aedes aegypti é tão medonho que, a todo instante, consegue surpreender, despistar e vencer a ciência. Portanto, vacinadas ou não, as pessoas não podem baixar a guarda para combater o mosquito (Foto ilustrativa: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) FOTO: O Aedes aegypti é tão medonho que, a todo instante, consegue surpreender, despistar e vencer a ciência. Portanto, vacinadas ou não, as pessoas não podem baixar a guarda para combater o mosquito (Foto ilustrativa: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

Certamente muita gente fez a pergunta acima quando tomou conhecimento, na última semana, de que a farmacêutica Sanofi, fabricante da Dengvaxia (vacina contra dengue), apresentou informações que sugerem que pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue podem desenvolver formas mais graves da doença se forem vacinadas.

O imunizante é indicado, em vários países (inclusive no Brasil, onde é encontrado nas clínicas particulares), para quem tem 9 anos ou mais. A vacina Dengvaxia foi aprovada no Brasil em 28 de dezembro de 2015 e não é oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações. A suspeita do laboratório, apresentada na última semana, ainda não é conclusiva, mas, diante do problema, a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é que a vacina não seja tomada por pessoas que nunca tiveram dengue.

"O momento não é para pânico", disse um especialista em virologia, ouvido pelo blog, ao informar que o aumento de risco de dengue grave é pequeno no grupo que nunca teve a doença, tomou a vacina e tem a chance de ser picado por um mosquito infectado.

Além disso, segundo o especialista, aos 9 anos, mais de 70% desse grupo etário já foram expostos ao vírus da dengue. Na população adulta, esse percentual é de 90%. Ou seja, o universo de pessoas que já foi infectado pelo vírus é alto (entre eles, pode-se inferir que estão aqueles que receberam a vacina).

A lição que fica? O Aedes aegypti é tão medonho que, a todo instante, consegue surpreender, despistar e vencer a ciência. Portanto, vacinadas ou não, as pessoas não podem baixar a guarda para combater o mosquito.

A vacina contra dengue do Butantan

Em nota, o Instituto Butantan esclarece que está desenvolvendo uma vacina de dose única contra os quatro tipos de dengue e que, nesse momento, o estudo encontra-se na fase 3, com a vacinação em 17 mil voluntários. Após esse processo, a vacina será submetida à aprovação da Anvisa para que, posteriormente, possa ser disponibilizada para a população na rede pública de saúde.

"Os dados disponíveis até o momento indicam que a vacina do Butantan é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz. É importante esclarecer que a vacina do Butantan não é comercializada e sua fórmula é completamente diferente da vacina Dengvaxia, produzida e comercializada pelo laboratório Sanofi Pasteur. Foi a vacina Dengvaxia, da Sanofi, que recebeu a recomendação da Anvisa para ser aplicada apenas em quem já teve dengue", esclarece o instituto, em nota, no site.