Em PE, primeiro diagnóstico de aids na infância completa 30 anos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/12/2017 às 10:42
O primeiro caso de aids infantil registrado em PE foi em 1987. Bebê tinha 2 meses, e a mãe era soropositiva, mas desconhecia a condição (Foto ilustrativa: Pixabay)
O primeiro caso de aids infantil registrado em PE foi em 1987. Bebê tinha 2 meses, e a mãe era soropositiva, mas desconhecia a condição (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: O primeiro caso de aids infantil registrado em PE foi em 1987. Bebê tinha 2 meses, e a mãe era soropositiva, mas desconhecia a condição (Foto ilustrativa: Pixabay)

Em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra Aids (1º/12) e aos 30 anos de acompanhamento da aids na pediatria no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), a Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) realiza a Campanha Alegria no Hospital-Dia, a fim de arrecadar revistas em quadrinhos, livros infantojuvenis, jogos de tabuleiro e eletrônico, além de brinquedos para doação ao Hospital-Dia Pediátrico do Imip.

O imunologista Edvaldo Souza foi quem realizou, no IMIP, o diagnóstico do primeiro caso infantil de aids em 1987, sendo também o primeiro caso registrado no Norte e Nordeste do Brasil, tornando-se posteriormente referência nacional para assistência e treinamento de profissionais de saúde de todo o País. O médico é coordenador do mestrado de Educação para o Ensino na Área de Saúde e coordenador adjunto do curso de Medicina da FPS.

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A campanha tem postos de arrecadação na própria Fundação Alice Figueira no Imip, que fica na Rua dos Coelhos, nº 300, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, e também nos diretórios acadêmicos da FPS (Avenida Mascarenhas de Morais, nº 4861, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul da cidade). As doações podem ser feitas até dia 22 de dezembro.

Primeiro diagnóstico em PE

O imunologista Edvaldo Souza conta que, com base em observações e conhecimento, foi possível fazer o diagnóstico de uma então doença nova em 1987. Infelizmente, o primeiro caso faleceu enquanto adulto jovem por abandono do tratamento associado a preconceito e desenvolveu problemas de saúde aos quais não resistiu. "Mesmo com o passar dos anos, o que mata alguém de aids ainda é o preconceito sofrido e, por causa disso, o paciente decide abandonar o tratamento."

LINHA DO TEMPO

1988 - O Imip se tornou centro de referência nacional para cuidados com a aids; o Ministério da Saúde elegeu cinco hospitais referência em todo o País

1992 – O AZT comprimidos começou a ser usado, e o Imip manipulou e ofertou sob forma de xarope para suas crianças

1994 – Iniciada a terapia dupla (duas drogas simultâneas)

1994 – Liberados os resultados iniciais da transmissão vertical – de mãe para filho

1996 – Criado o serviço de imunologia clínica e hospital-dia no Imip, com seis leitos, e incorporado o atendimento da família infectada pelo HIV

1996 – Iniciou-se a terapia combinada, o popular “coquetel” de medicamentos

2001 – Foi implantado o Projeto Nacional Nascer Maternidades, treinando profissionais para atendimento à gestante portadora de HIV, ao recém-nascido, reduzindo a percentuais mínimos a transmissão do HIV da mãe para seu filho

2003 – Foi ampliado o serviço multiprofissional Serviço de Assistência Especializada, e o Hospital-Dia passou a oferecer 16 leitos, sendo 8 para adultos e 8 para crianças

Qualidade de vida

Todos esses cuidados possibilitaram que, com o passar dos anos, as crianças infectadas se tornaram adolescentes e adultos com qualidade de vida e totalmente inseridos na sociedade. Até hoje, foram atendidos cerca de 616 pacientes infantojuvenis no Imip.

"Hoje, percebe-se o aumento de casos de jovens infectados, homens e mulheres, não por falta de informação nem acesso à informação, mas sim pela falta de cuidado e de prevenção", explica Edvaldo.