Especialistas ressaltam que envelhecimento saudável é mais do que só a ausência de doenças

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/11/2017 às 10:46
"Tenho pressão alta e diabetes, mas são doenças bem cuidadas. É por isso que, para mim, ser idoso é a mesma coisa de ser jovem", relata Severino José da Silva, 69 anos, um dos 70 idosos que participam do Projeto Bem Viver, realizado pelo Instituto João Carlos Paes Mendonça (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)
"Tenho pressão alta e diabetes, mas são doenças bem cuidadas. É por isso que, para mim, ser idoso é a mesma coisa de ser jovem", relata Severino José da Silva, 69 anos, um dos 70 idosos que participam do Projeto Bem Viver, realizado pelo Instituto João Carlos Paes Mendonça (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem) FOTO: "Tenho pressão alta e diabetes, mas são doenças bem cuidadas. É por isso que, para mim, ser idoso é a mesma coisa de ser jovem", relata Severino José da Silva, 69 anos, um dos 70 idosos que participam do Projeto Bem Viver, realizado pelo Instituto João Carlos Paes Mendonça (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

Uma realidade é ser idoso com problema de saúde; outra, é ser idoso doente. São dois fatos totalmente diferentes. Com essas duas frases, a geriatra Carla Núbia Borges deu um tom realista ao panorama do envelhecimento ativo durante o debate RioMar de Bem com a Vida+ 60, realizado ontem no teatro do RioMar Shopping, no Pina, Zona Sul do Recife. O depoimento da médica retrata que saúde não é só ausência de doenças. O conceito abrange um estado de completo bem-estar físico, mental e social, inclusive durante a velhice.

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“O nosso consultório abarca essas questões e outros problemas. Os idosos trazem um conjunto de dúvidas, angústias, medos, isolamento social, tristeza e depressão associado a alguma doença. Por isso, a geriatria tem várias vertentes. Entre elas, a preventiva, que deve ser ampliada, pois queremos que as pessoas se cuidem antes da aposentadoria, numa situação pré-doença”, frisou Carla.

O interesse dos especialistas para trabalhar a promoção da saúde durante a longevidade vem da necessidade de se reduzir o risco de incapacidades com o avançar dos anos. O Ministério da Saúde (MS), inclusive, lançou uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Saudável na segunda-feira. A ação tem como meta qualificar o atendimento aos idosos na rede pública, ao apresentar pela primeira vez orientações aos profissionais de saúde, a fim de aumentar a qualidade de vida dessa população a partir dos 60 anos, que representará cerca de 20% dos brasileiros em 2030, segundo o MS.

"A geriatria preventiva deve ser ampliada, pois queremos que as pessoas se cuidem antes da aposentadoria, numa situação pré-doença", frisa a médica Carla Núbia (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

As discussões sobre atitudes que favorecem o bem-estar físico e social ao longo da vida também ganharam espaço durante o evento. “Pesquisas mostram que a expectativa de vida que alcançamos não acompanha a nossa qualidade de vida. Muitos idosos desenvolvem depressão e outras doenças relacionadas a uma falta de planejamento para a velhice”, destacou a psicóloga Larissa Tufolo, que lida diariamente com a tarefa de auxiliar pessoas a ressignificarem a própria vida.

"Gostei muito das apresentações. Acumular conhecimentos sempre é muito bom", conta Marileide Souza de Paula, 63 anos (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

O evento também contou com a participação do especialista em psicologia organizacional Salvio Fonseca, que mostrou como cada pessoa pode assumir o controle da própria vida. “Deixem a sua assinatura no mundo e trabalhem para isso”, disse o palestrante.

Morador do Pina, Severino José da Silva, 69 anos, assistiu ontem a todos os debates. “Foi melhor do que eu esperava. Nunca tive medo de envelhecer e hoje vejo o quanto é importante a gente se manter ativo e preservar a memória. Tenho pressão alta e diabetes, mas são doenças bem cuidadas. É por isso que, para mim, ser idoso é a mesma coisa de ser jovem”, relatou Severino, um dos 70 idosos que participam do Projeto Bem Viver, realizado pelo Instituto João Carlos Paes Mendonça (IJCPM) e que estimula a prática de atividades físicas e tarefas que promovem o raciocínio lógico.

Em palestra, Salvio Fonseca mostrou como cada pessoa pode assumir o controle da própria vida (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

A dona de casa Marileide Souza de Paula, 63 anos, também faz parte do Projeto Bem Viver e conferiu as palestras do  RioMar de Bem com a Vida+ 60. "Gostei muito das apresentações. Acumular conhecimentos sempre é muito bom. Na minha visão, sinto apenas o físico envelhecer. A cabeça continua a mesma", contou Marileide.