'Não deixei o câncer de mama dar rumo à minha vida. Eu dava as ordens', diz tripulante que venceu a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/10/2017 às 11:24
Passageiros da Azul são surpreendidos a bordo com depoimentos de mulheres da tripulação que contam brevemente, antes de o embarque ser encerrado, como superaram o câncer de mama. Entre elas, está Jussara Fátima da Silva, que foi aplaudida após relatar como a informação foi valiosa para ela ter o diagnóstico precoce do câncer de mama (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)
Passageiros da Azul são surpreendidos a bordo com depoimentos de mulheres da tripulação que contam brevemente, antes de o embarque ser encerrado, como superaram o câncer de mama. Entre elas, está Jussara Fátima da Silva, que foi aplaudida após relatar como a informação foi valiosa para ela ter o diagnóstico precoce do câncer de mama (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem) FOTO: Passageiros da Azul são surpreendidos a bordo com depoimentos de mulheres da tripulação que contam brevemente, antes de o embarque ser encerrado, como superaram o câncer de mama. Entre elas, está Jussara Fátima da Silva, que foi aplaudida após relatar como a informação foi valiosa para ela ter o diagnóstico precoce do câncer de mama (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

Jussara Fátima da Silva, tripulante, 47 anos, em depoimento a Cinthya Leite

Em dezembro de 2010, fiz a minha primeira mamografia, que acusou a presença de um pequeno nódulo, com meio centímetro. Por isso, meu médico falou que teria 95% de chance de ser curável. Eu iria só passar pela cirurgia, realizada um mês após o diagnóstico por burocracia do convênio. Na operação, notou-se que o nódulo havia crescido. E a biópsia foi inconclusiva. Então, o médico recomendou quimio e radioterapia. Precisei ir à clínica duas vezes por mês para fazer quimioterapia; foram seis meses ao todo. Em seguida, passei por 45 sessões de radioterapia, feita todos os dias no hospital.

Em vídeo, confira o relato de Jussara para os passageiros:

Durante o tratamento, optei por trabalhar. Só me afastei por 15 dias no pós-cirúrgico e, após cada sessão de quimioterapia, eu ficava em casa de dois a três dias, que é o período que sentimos efeitos colaterais. Depois, eu voltava a trabalhar. Eu preferi ficar ativa porque eu achei que tinha que continuar minha vida normalmente, até porque eu não sentia dor e percebia que não estava doente. E eu tive uma força espiritual muito grande que afastou o medo de mim. A cada dia que se passava, eu tinha mais força e eu só agradecia.

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Agradecia a Deus que (o câncer) não veio nas minhas filhas, agradecia por ter os melhores médicos me acompanhando e por ter tido essa missão. Sabia que iria vencer. Na minha cabeça, sabia que iria superar. E assim eu fiz: coloquei foco no tratamento, não dei muita importância para a doença. Não deixei o câncer de mama dar rumo à minha vida. Quem deu o rumo fui eu. Eu dava as ordens. Não sei de onde tirei essa força, mas eu a tive.

"Esta oportunidade de falar (nos voos) é muito especial e única. Hoje sinto emoção de tanta felicidade", diz Jussara (Foto: Cinthya Leite)

Na hora do diagnóstico, a gente sente um impacto e fica sem entender o que está acontecendo. Mas o médico que me deu o diagnóstico foi muito cuidadoso para me explicar em qual grau estava meu câncer, e que ele era curável. Então, isso me deu um pouco mais de confiança e segurança. Todos os médicos sempre falavam: “Você não tem que ficar triste ou preocupada porque o seu tumor foi diagnosticado precocemente. Então, você não tem motivo para ficar triste, e sim tem que entender que ganhou na Mega-Sena: a doença foi detectada precocemente, é curável e você vai se curar”. Isso tudo foi me dando muita força.

No ano de 2011, fiz cirurgia, quimio e radioterapia. Depois, passei a tomar medicamento oral (hormonioterapia) por cinco anos. Em dezembro de 2016, recebi alta, e o médico falou que estou curada. Não tomo mais remédio e hoje faço monitoramento anual com mastologista e acompanhamento semestral com oncologista. Gosto de informar que primeiramente todas nós temos que nos cuidar, fazer autoexame mensal e os exames que o médico indica porque, se for para detectar alguma coisa, que se detecte precocemente. Se for diagnosticado, o mais importante é estar com o psicológico bem e nunca desistir, pois o tratamento e a recuperação da doença depende, segundo dizem os médicos, de 50% do nosso equilíbrio emocional. Os outros 50% dependem de procedimentos da medicina.

"Para mim, é importante multiplicar a informação ao ter esta oportunidade única de falar a outras pessoas que é possível vencer o câncer de mama. A patente (de vitoriosa) que eu ganhei carrego no peito", conta Jussara (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

Nunca devemos desistir, devemos acreditar que vamos vencer e falar sempre: “Eu é que mando no meu corpo”. A importância desse depoimento para os passageiros da Azul (clique aqui para entender) é realmente multiplicar a informação: mostrar que eu tive o câncer de mama, que consegui vencer e que outras pessoas, tomando os mesmos rumos, também vão conseguir. Essa oportunidade de falar (nos voos) é muito especial e única. Hoje sinto emoção de tanto felicidade; não é de tristeza. O fato de eu ter conseguido superar tudo e progredir muito espiritualmente depois da doença é uma patente (de vitoriosa) que eu ganhei e que eu tenho que carregar aqui no peito.