Quase 70% dos homens jovens brasileiros admitem não fazer sexo seguro

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/09/2017 às 17:15
Pesquisa destaca que a maioria dos homens não tomam qualquer medida preventiva à gravidez ou às doenças sexualmente transmissíveis (Foto: Priscilla Burh/Acervo JC Imagem)
Pesquisa destaca que a maioria dos homens não tomam qualquer medida preventiva à gravidez ou às doenças sexualmente transmissíveis (Foto: Priscilla Burh/Acervo JC Imagem) FOTO: Pesquisa destaca que a maioria dos homens não tomam qualquer medida preventiva à gravidez ou às doenças sexualmente transmissíveis (Foto: Priscilla Burh/Acervo JC Imagem)

Por Luiza Freitas, do Jornal do Commercio

SÃO PAULO - O empoderamento feminino e a importância de um papel participativo do homem no planejamento familiar são temas bastante conhecidos das gerações abaixo dos 30 anos no Brasil, mas, para além das teorias, ainda há muito que se avançar na criação de hábitos que tornem esses debates em práticas do dia a dia. Uma pesquisa realizada, em agosto deste ano, pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela farmacêutica Bayer, com 2 mil homens entre 15 e 25 anos, revelou que 69% dos entrevistados afirmaram não tomar qualquer medida preventiva à gravidez ou às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O dado revela uma contradição no comportamento masculino, já que, no mesmo estudo, 72% do total de participantes afirmam que a responsabilidade pelos métodos contraceptivos deve ser compartilhada pelo casal.

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"O uso da camisinha tem que ser uma questão de gênero, de empoderamento feminino, em que o homem que não queira usar caia no ridículo", afirmou a ginecologista e obstetra Albertina Duarte Takiuti, do Hospital das Clínicas de São Paulo e professora da Universidade de São Paulo (USP), durante evento de apresentação da pesquisa realizado, nesta semana, em São Paulo. Ela defende que o aumento do número de casais que usam camisinha (por homens e mulheres) necessariamente passa pelo fortalecimento das jovens. "Não vai haver um autocuidado se não houver uma autoimagem bem cuidada."

Com cerca de 40 anos de experiência trabalhando com jovens de periferia, a médica destaca a necessidade de expandir o debate dos cuidados com a saúde sexual para outras áreas, como educação e esportes. Assim, o tema é assimilado com mais facilidade, principalmente entre os meninos mais novos.

Diálogo

"Os jovens precisam de honestidade, conversas simples e conselhos sem julgamento moral. Informação é independência, e educação empodera os jovens para entender seus direitos e responsabilidades quando se trata de sexo e contracepção. Isso permite que eles tenham controle de sua própria saúde reprodutiva", defendeu o médico ginecologista e professor da Unifesp Afonso Nazário.

O diálogo com os meninos, que geralmente se sentem menos confortáveis a se informar sobre sexo e prevenção, torna-se ainda mais urgente diante de alguns dados do Ministério da Saúde. Em 2015, mais de 39 mil homens foram diagnosticados com sífilis e mais de 22 mil com o vírus HIV.

Também presente no evento, a sexóloga Laura Muller destacou a necessidade do diálogo, na escola e dentro da família, que deixe o jovem à vontade. "É preciso ter uma fala que oriente, mas também outra que acolha. Temos que lembrar que não é fácil ser adolescente. Então, ele tem que sentir que, caso cometa um erro, será acolhido", disse Laura, referindo-se tanto à gravidez indesejada quanto ao contágio de alguma doença.

* A repórter viajou a convite da Bayer