Pernambuco é o 10º Estado brasileiro com mais casos de suicídios, aponta boletim do Ministério da Saúde

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/09/2017 às 10:12
"É importante reunir esforços com programas de prevenção e cuidado da saúde mental para diminuir a mortalidade por suicídio", ressaltou o psiquiatra Quirino Cordeiro Júnior, coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
"É importante reunir esforços com programas de prevenção e cuidado da saúde mental para diminuir a mortalidade por suicídio", ressaltou o psiquiatra Quirino Cordeiro Júnior, coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde (Foto: José Cruz/Agência Brasil) FOTO: "É importante reunir esforços com programas de prevenção e cuidado da saúde mental para diminuir a mortalidade por suicídio", ressaltou o psiquiatra Quirino Cordeiro Júnior, coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Em números absolutos, Pernambuco é o 10º Estado brasileiro com mais casos de suicídios, segundo revelou o primeiro boletim epidemiológico de tentativas e óbitos por esse tipo de morte no País, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. O total de casos acumulados entre 2011 (ano em que a notificação de tentativas e óbitos passou a ser obrigatória no Brasil em até 24 horas) e 2015, no Estado, apontam 1.688 mortes decorrentes do ato – uma média de 337 casos anualmente.

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Em todo o território nacional, no mesmo período, morreram 55.649 pessoas por suicídio. E nos últimos seis anos, foi registrada uma média de 5,5 óbitos por 100 mil habitantes no Brasil. Com base nesses dados, o governo lança uma agenda estratégica para atingir meta da Organização Mundial da Saúde de redução de 10% das mortes por suicídio até 2020.

“É importante reunir esforços entre as áreas de vigilância e assistência em saúde com programas de prevenção e cuidado da saúde mental para diminuir a mortalidade por suicídio”, ressaltou ontem o psiquiatra Quirino Cordeiro Júnior, coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, durante a apresentação do diagnóstico nacional inédito sobre o assunto.

Entre as ações da pasta para fortalecer o trabalho de prevenção ao suicídio, estão a capacitação de profissionais, a orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco e o monitoramento anual dos casos no País, além da criação de um Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio.

“Sabemos que o tema é espinhoso e, por isso, difícil de se colocar em pauta. Mas falar sobre suicídio é uma das estratégias para preveni-lo. Cerca de 90% dos casos podem ser evitados se estivermos atentos aos sinais de alerta e quebrarmos os tabus em torno do tema. Não podemos ficar calados e de braços cruzados enquanto as pessoas continuam colocando um ponto final na vida de maneira tão trágica”, ressalta a presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP), Kátia Petribú.

"Não podemos ficar calados e de braços cruzados enquanto as pessoas continuam colocando um ponto final na vida de maneira tão trágica", ressalta a presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Kátia Petribú (Foto: Tato Rocha/Acervo JC Imagem)

Representantes da entidade participaram ontem do Grande Expediente Especial, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, que discutiu ações de prevenção do suicídio e importância do tratamento dos transtornos psiquiátricos (depressão, alcoolismo, esquizofrenia), que representam o principal fator de risco associado ao suicídio.

Faixa etária

Entre as constatações apresentadas no levantamento do Ministério da Saúde, está a alta taxa de suicídio entre brasileiros com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada uma média de 8,9 mortes por 100 mil habitantes de 2011 a 2016. A taxa chama a atenção por ser maior do que a média nacional, de 5,5 por 100 mil.

Especialistas também acendem um alerta para o alto índice de óbitos decorrentes do ato entre jovens, principalmente homens. Entre 15 e 29 anos, o suicídio é maior no sexo masculino, cuja taxa é de nove mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é quase quatro vezes menor: 2,4 por 100 mil.