Exame de toque retal não é 'coisa de homem' para 21% dos entrevistados em pesquisa realizada pelo Datafolha

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/08/2017 às 15:56
Cerca de 12% dos entrevistados disseram que a vergonha e o constrangimento impedem a realização do exame (Foto ilustrativa: Pixabay)
Cerca de 12% dos entrevistados disseram que a vergonha e o constrangimento impedem a realização do exame (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Cerca de 12% dos entrevistados disseram que a vergonha e o constrangimento impedem a realização do exame (Foto ilustrativa: Pixabay)

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido da Sociedade Brasileira de Urologia, o Instituto Oncoguia e a Bayer, avaliou as preocupações dos torcedores brasileiros quando o assunto é saúde. No geral, apesar de 76% identificarem o exame do toque retal (indicado para auxiliar o diagnóstico do câncer de próstata) como essencial para o diagnóstico da doença, cerca de 48% dos entrevistados afirmaram acreditar que o machismo é o principal motivo pelo qual os homens não fazem o exame. Além disso, outros 21% disseram não considerar o procedimento “coisa de homem” e 12% apontaram a vergonha e o constrangimento como impeditivos.

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A pesquisa, realizada com 1.602 homens acima dos 40 anos nas sete capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife) com maior incidência da doença segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), apontou que os torcedores temem mais o câncer em geral (29%) e as doenças cardiovasculares (20%), além de pouco se atentarem ao câncer de próstata (10%).

"Esses dados confirmam a necessidade de trabalhar a conscientização da população, a fim de promover a prevenção e o cuidado com a saúde. O brasileiro precisa entender que o exame de toque é um procedimento simples, indolor e rápido, e que acima de tudo é essencial para o diagnóstico de qualquer alteração da próstata", destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Archimedes Nardozza.

Em Pernambuco

Entre os pernambucanos entrevistados, pouco mais da metade (65%, em média) já foram ao urologista, mas 74% afirmaram que nunca passaram pelo exame de toque retal. No Recife, os resultados mostram que, embora 65% dos entrevistados afirmem já ter ido ao urologista, 39% não fazem o acompanhamento recomendado pelos médicos, pois se consideram saudáveis. E um dado que preocupa: entre os entrevistados com mais de 60 anos, cerca de 27% nunca fizeram o exame de toque.

Segundo a SBU, a falta de periodicidade nas visitas ao urologista contribui para uma detecção tardia do câncer de próstata, já que muitas vezes a doença é silenciosa não apresentando sinais ou sintomas. "O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais atinge os homens e mesmo assim eles negligenciam o cuidado e a prevenção", ressalta o médico.

Apesar de reconhecerem a importância do exame, apenas 26% daqueles que se consultaram com o especialista de fato fizeram o exame de toque retal. "O câncer de próstata é um dos tipos mais prevalentes (de tumores) e, assim como em outros tipos de neoplasias, pode ser combatido mais facilmente quando detectado precocemente. Por isso, fazer a prevenção é essencial", afirma a psicóloga Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, que oferece suporte e auxílio aos pacientes com câncer.

Saiba mais

O câncer de próstata é segundo tipo de câncer mais prevalente na população masculina, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Até o fim do ano, a doença deve acometer mais de 60 mil homens, de acordo com o Inca.