No Dia da Saúde Ocular, confira dicas de especialistas e doenças que podem levar à cegueira

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/07/2017 às 18:03
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 8 em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser impedidos com o diagnóstico precoce (Foto: Pixabay)
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 8 em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser impedidos com o diagnóstico precoce (Foto: Pixabay) FOTO: Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 8 em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser impedidos com o diagnóstico precoce (Foto: Pixabay)

Você sabia que cerca de 80% das informações que processamos vêm da nossa visão? Apesar dessa constatação, muitas pessoas só procuram um oftalmologista quando têm dificuldades para enxergar ou apresentam algum sintoma incomum. Nesta segunda-feira (10), Dia Mundial da Saúde Ocular, os especialistas reforçam que esse órgão demanda atenção regular, com cuidados simples no cotidiano, para que a visão se mantenha saudável. Algumas doenças oculares, por exemplo, quando não detectadas e tratadas adequadamente, podem evoluir para cegueira.

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Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), oito em cada dez casos de perda de visão poderiam ser impedidos com o diagnóstico precoce. Ainda de acordo com a OMS, a deficiência visual acomete em torno de 314 milhões de pessoas no mundo. Desse total, entre 37 e 39 milhões são cegos. O Brasil possui cerca de quatro milhões de indivíduos com deficiência visual e aproximadamente 1,25 milhão de pessoas cegas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO).

“Muitos casos de cegueira poderiam ser evitados com o diagnóstico e tratamento correto de problemas como catarata e glaucoma, além dos desconfortos causados pela síndrome do olho seco”, alerta o oftalmologista Takashi Hida, diretor médico e chefe do Setor de Catarata do Hospital Oftalmológico de Brasília.

Algumas doenças que podem levar à cegueira

Catarata

De acordo com a OMS, a catarata é a doença que mais causa cegueira no mundo, responsável por 42% de todos os casos. rata-se de uma doença que vai silenciosamente levando a pessoa a ter algumas distorções visuais, podendo chegar à cegueira. É uma condição que pode ser tratada ou prevenida através do uso de medicamentos ou alimentos. Por ano, o Brasil registra 350 mil novos casos de catarata, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Glaucoma

O glaucoma é uma lesão nos olhos relacionada ao aumento da pressão ocular. Há dois tipos de glaucoma: o de ângulo aberto (gradual, lento e assintomático), que responde por 90% dos casos, e o de ângulo fechado (pode ocasionar dores de cabeça, dor no olho, auréolas de arco íris ao redor das luzes, náusea e vômitos). De acordo com dados da Alcon, divisão de produtos oftalmológicos da farmacêutica Novartis, 60 milhões de pessoas terão glaucoma de ângulo aberto em 2020.

Síndrome do olho seco

Outro problema que pode afetar os olhos e causar bastante desconforto é a síndrome do olho seco. O distúrbio ocorre quando as glândulas responsáveis pela produção das lágrimas estão inflamadas e não conseguem produzir lágrimas suficientes, ou produzem lágrimas de má qualidade. Como resultado, o olho fica seco e irritado. Algumas causas são agravadas pelo ambiente – como poluição, tabagismo, tempo seco, vento, ar condicionado etc. –, enquanto outras estão relacionadas a mudanças no sistema nervoso, hormonal e/ou imune de um indivíduo. Hábitos da vida moderna, como o uso de tablets, computadores e smartphones também diminuem a frequência do piscar, podendo provocar o ressecamento dos olhos.

Dicas dos especialistas

Check up regular e exames na infância

Segundo os especialistas, muitas doenças oculares são assintomáticas. Por isso a importância de check ups regulares. "Muitas doenças oftalmológicas são assintomáticas, enquanto outras se manifestam já em estágio avançado. Por isso, as consultas periódicas com o oftalmologista são indispensáveis”, alerta Henrique de Paula, oftalmologista do Instituto de Olhos do Recife (IOR). Ainda segundo o oftalmologista, fazer exames preventivos e complementares é essencial. “Muita gente só procura o oftalmologista para trocar os óculos. As pessoas esquecem que, além do exame da refração, o médico precisa fazer o screening de algumas doenças como a catarata, o glaucoma e a degeneração macular relacionada à idade”, explica.

Na conversa com o paciente e através do exame clínico, de testes e exames complementares, que muitas vezes são indolores e rápidos, é possível identificar alterações ou patologias nos olhos, possibilitando um tratamento precoce e eficaz. “Por ser um órgão exposto a diversos fatores externos, como raios ultravioletas, poeira, poluição e outros, o olho pode ser acometido de doenças que também tendem a se agravar com a idade e que podem levar à cegueira”, alerta o médico.

A oftalmologista Bruna Ventura, do Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), acrescenta que os cuidados com a saúde ocular começam ainda na infância. Além do teste do olhinho – que previne e diagnostica doenças como a retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma e infecções – é fundamental que o bebê passe pela consulta oftalmológica a cada seis meses nos dois primeiros anos de vida e pelo menos uma vez ao ano após esse período. “Os problemas na visão podem prejudicar o desenvolvimento da criança e seu desempenho escolar. Sintomas como dores de cabeça também precisam ser relatados ao oftalmologista, pois podem indicar miopia, hipermetropia e?ceratocone”, destaca.

Higiene e cuidados no dia a dia

Além dos check-ups regulares, outros cuidados podem ser tomados no dia a dia. Dentre eles, usar óculos de sol com filtro de luz ultravioleta e boné; nunca olhar diretamente para o sol; Lavar sempre as mãos antes e depois do contato com os olhos; na piscina ou no mar usar óculos de natação; e ao praticar esportes usar sempre um protetor ocular indicado para a modalidade. O uso excessivo do computador ou celular, bem como a automedicação, também podem desencadear problemas de visão. “As pessoas devem evitar ao máximo levar as mãos aos olhos. Além disso, a leitura ou qualquer outra atividade de perto deve ser executada com boa iluminação”, pontua o oftalmologista Henrique de Paula.

Lentes de contato

Para quem usa lentes de contato, seja para correção de grau ou apenas para variar a cor da íris, alguns cuidados específicos são essenciais para manter a saúde dos olhos. As principais dicas são: respeitar o prazo indicado para uso das lentes; higienizar as lentes corretamente; utilizar soluções específicas para higienizar e guardar as lentes; trocar o estojo das lentes com frequência; Sempre consultar um oftalmologista antes de iniciar o uso das lentes de contato.