Medo da zika: PE teve 15 mil nascimentos a menos um ano após explosão dos casos de microcefalia

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/06/2017 às 16:36
Pesquisadores trabalham com a hipótese de que a preocupação com a zika provocou a diminuição de nascimentos (Foto: Pixabay)
Pesquisadores trabalham com a hipótese de que a preocupação com a zika provocou a diminuição de nascimentos (Foto: Pixabay) FOTO: Pesquisadores trabalham com a hipótese de que a preocupação com a zika provocou a diminuição de nascimentos (Foto: Pixabay)

Da Agência de Notícias da UFPE

A preocupação com a possibilidade de infecção pelo zika vírus pode ter provocado adiamento de gestações e diminuição no número de grávidas no Brasil em 2016. Essa é uma hipótese levantada por pesquisadores do País, como a professora Sandra Valongueiro, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localizado no Hospital das Clínicas (HC).

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Estudo publicado recentemente na revista científica Population Development Review revela que as mulheres de maior renda e as as de baixa renda estavam preocupadas com a zika e pretendiam adiar a gravidez. Essas entrevistas foram feitas por meio de grupos focais realizados no Recife e em Belo Horizonte. Os dados foram analisados pelas professoras do Centro de Estudos de População da Universidade do Texas (EUA), Letícia Marteleto, da Universidade Federal de Minas Gerias, e Sandra Valongueiro, da UFPE.

Embora os números de registros de nascidos vivos ainda não tenham sido concluídos oficialmente pelas secretarias estaduais de Saúde, Pernambuco teve cerca de 15 mil nascimentos a menos entre agosto e dezembro de 2016, em comparação com o mesmo período em anos anteriores. Agosto de 2016 marca dez meses da explosão dos casos de microcefalia provocada pela síndrome congênita do zika vírus, especialmente, em Pernambuco.

“No momento, estamos monitorando os dados. É uma hipótese essa preocupação com a zika ter provocado a diminuição de nascimentos, mas há outros fatores como as crises econômica e política que podem ter freado o desejo de ter filhos agora”, diz Sandra Valongueiro. Além disso, ainda existe a possibilidade de os dados municipais estarem incompletos por causa das mudanças político-administrativas pós-eleições de 2016.