Saiba o quanto a sua saúde desanda quando a tireoide não funciona bem; endocrinologista esclarece dúvidas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 24/06/2017 às 18:09
"Em quem tem nódulo, o funcionamento da tireoide geralmente é normal. Em até 20% dos casos, é detectada alteração. Nessas situações, é feito tratamento medicamentoso ou dose de iodo radioativo", diz Gustavo Caldas, que apresentará no EndoRecife caso de paciente com tumor de tireoide muito pequeno e que optou por não operá-lo (Foto: Leo Motta/JC Imagem)
"Em quem tem nódulo, o funcionamento da tireoide geralmente é normal. Em até 20% dos casos, é detectada alteração. Nessas situações, é feito tratamento medicamentoso ou dose de iodo radioativo", diz Gustavo Caldas, que apresentará no EndoRecife caso de paciente com tumor de tireoide muito pequeno e que optou por não operá-lo (Foto: Leo Motta/JC Imagem) FOTO: "Em quem tem nódulo, o funcionamento da tireoide geralmente é normal. Em até 20% dos casos, é detectada alteração. Nessas situações, é feito tratamento medicamentoso ou dose de iodo radioativo", diz Gustavo Caldas, que apresentará no EndoRecife caso de paciente com tumor de tireoide muito pequeno e que optou por não operá-lo (Foto: Leo Motta/JC Imagem)

A tireoide é uma glândula pequenina, mas tem uma responsabilidade inversamente proporcional ao seu tamanho. Basta dizer que produz dois hormônios (tri-iodotironina, T3; tiroxina, T4) valiosos em todas as fases da vida: na formação dos órgãos fetais (principalmente o cérebro), no crescimento, na fertilidade e na reprodução. Somados a esses ofícios, vale listar outras funções pouco conhecidas da tireoide: são esses hormônios que também atuam nos batimentos cardíacos, sono, raciocínio, memória, humor, funcionamento intestinal e metabolismo.

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Essa lista de responsabilidades da glândula, localizada na parte anterior do pescoço (logo abaixo do pomo-de-adão), justifica por que a tireoide tem sido tão debatida nos congressos médicos. No EndoRecife, congresso da endocrinologia pernambucana que começa na quinta-feira (29), pelo menos oito debates são relacionados ao tema, especialmente ao aumento dos casos de câncer da tireoide. “Isso tem sido observado porque atualmente a ultrassonografia da tireoide tem possibilitado o diagnóstico de tumores em fase inicial, mas a mortalidade pela doença não aumentou nos últimos 40 anos”, diz o endocrinologista Gustavo Caldas, presidente do EndoRecife. Ele destaca que mundialmente, se for levada em consideração a simples palpação da tireoide pelo médico, a prevalência de nódulos na tireoide é de 5%. "Pelo ultrassom, esse percentual sobe para cerca de 60%."

Maria José de Santana descobriu um câncer de tireoide. Tirou a glândula e fez tratamento à base de iodo radioativo (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

Com esse cenário, o desafio agora é identificar os tumores que devem ser operados, já que a maioria deles passa longe de malignidade. “Cerca de 90% dos nódulos da tireoide não são câncer. Os outros 10% (ou menos) são malignos, mas boa parte deles evolui bem”, destaca Gustavo Caldas. Esses percentuais sugerem que não se deve fazer ultrassonografia do pescoço sem indicação precisa e que nem todos os nódulos, mesmo detectados no exame de imagem, precisam passar por punção, realizada para se conhecer o tipo de células do nódulo.

Depoimentos

No caso da economista aposentada Maria José de Santana, 69 anos, a punção detectou um carcinoma papilífero, o tumor mais comum da glândula. “Tirei a tireoide em 2004 e fiz tratamento com iodo radioativo. Passei cinco anos fazendo acompanhamento rigoroso e hoje só faço ultrassom anualmente. Tomo um comprimido de T4 por dia (para manter os níveis hormonais normais)”, conta Maria José.

Izabella faz tratamento para controlar a tireoidite de Hashimoto, problema autoimune que destrói o tecido da glândula (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

A socióloga Izabella Medeiros, 33, também toma o mesmo medicamento, mas por um outro motivo: ela convive com a tireoidite de Hashimoto – outro problema, mas de caráter autoimune e que destrói o tecido da glândula. “É uma das principais causas de hipotireoidismo”, esclarece Gustavo Caldas. Os sintomas de Hashimoto podem incluir manifestações de hipo e hipertireoidismo. “O tratamento correto mudou completamente a minha vida. Há um ano e meio, não sinto mais cansaço excessivo”, comemora Izabella.