Aedes: metade das cidades de PE está com alto índice de proliferação do mosquito

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/06/2017 às 14:31
O cenário de muitas residências com a presença do mosquito (em metade dos municípios pernambucanos), revela que a população tem relaxado em relação à prevenção dos criadouros do Aedes aegypti (Foto ilustrativa: Pixabay)
O cenário de muitas residências com a presença do mosquito (em metade dos municípios pernambucanos), revela que a população tem relaxado em relação à prevenção dos criadouros do Aedes aegypti (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: O cenário de muitas residências com a presença do mosquito (em metade dos municípios pernambucanos), revela que a população tem relaxado em relação à prevenção dos criadouros do Aedes aegypti (Foto ilustrativa: Pixabay)

Em uma semana, mais oito municípios pernambucanos entraram na lista de situação de risco para as arboviroses: zika, chicungunha e dengue. Assim, sobe para 95 o número de cidades, no Estado, em risco de surto das três doenças, segundo a atualização do 3º Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), que considera os dados até 29 de maio. Nesses municípios, foram encontradas várias residências com a presença do mosquito, o que pode levar ao surgimento de doentes. Além disso, subiu para 60 (oito a mais do que há uma semana) o número de municípios que estão em situação de alerta para o risco de adoecimento. Paralelamente, caiu o número de cidades em situação favorável: de 19 foi para 17. Outros 26 ainda não informaram o levantamento. Em Pernambuco, são 184 municípios, além do arquipélago de Fernando de Noronha.

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Os dados, divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), incluem o período de 1º de janeiro a 29 de maio deste ano. Entre os casos das arboviroses, 6.049 pessoas adoeceram com sintomas de dengue (1.235 confirmados), outros 1.833 com sinais de chicungunha (445 confirmados) e mais 279 com quadro sugestivo de zika (sem confirmações).  Até o momento, foram notificados 35 mortes associadas a arboviroses, com dois casos descartados e um com resultado positivo para dengue.

“Neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, diminuímos entre 94% e 97% as notificações de dengue, chikungunya e zika, mas precisamos lembrar que 2016 foi um ano epidêmico. Agora, se temos o Aedes e os vírus das arboviroses circulando, isso pode ajudar em uma nova epidemia, por isso não podemos relaxar. Precisamos continuar atentos para descartar os possíveis focos do mosquito e os municípios precisam manter suas ações de vigilância e controle”, afirma a gerente do Programa de Controle das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes.

Ela destaca que, neste ano, são menos casos de arboviroses, em comparação com os anos de 2015 e 2016, porque há menos pessoas susceptíveis ao adoecimento. São as que foram infectadas no ano passado, por exemplo, e teoricamente estão imunizadas. "Mas há possibilidade de epidemia isolada, especialmente nas cidades do Sertão, onde houve poucas notificações de arboviroses em 2016", salienta.

Para Claudenice, o cenário de muitas residências com a presença do mosquito (em metade dos municípios pernambucanos), revela que a população tem relaxado em relação à prevenção dos criadouros. "Não devemos descuidar. Com as chuvas dos últimos dias, seguidas de dias de sol, vamos ter mais focos do mosquito. Temos mais Aedes, e os vírus estão em circulação. Isso favorece uma nova epidemia. Não se pode relaxar", alerta Claudenice.

Dengue predomina

Sobre os casos de dengue, que têm prevalecido nas notificações do Estado, o clínico-geral Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde, faz uma observação: "Como tivemos, em Pernambuco, epidemias de zika em 2015 e de chicungunha em 2016, boa parte da população deve estar imune ao adoecimento por ambos os vírus. Isso pode explicar por que os casos de dengue (que estava sem predominar nos últimos anos) recrudesceram, em comparação à zika e chicungunha".

O médico acrescenta que, quando começam a aparecer mortes causadas por arboviroses e desenvolvimento de formas graves relacionadas a essas doenças, é possível pensar numa possibilidade de instalação de epidemias. Ele reforça que o risco de surto atual é semelhante ao cenário observado em 2010, quando as curvas de adoecimento por dengue fugiram do padrão. "Historicamente, o pico das epidemias acontece entre março e abril. Mas, em 2010, o número de casos começou a aumentar em maio, com foco maior em junho. A epidemia perdurou até agosto. Ou seja, esse cenário pode estar se repetindo agora. Por isso, não podemos afastar risco de surto", conclui Carlos Brito.