Dos bebês internados que precisam de leite materno, 40% não recebem doação do alimento no Brasil

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/05/2017 às 15:23
No Brasil, nascem aproximadamente 3 milhões de bebês por ano, sendo que 332 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso. Muitos ficam internados e têm melhores chances de sobrevivência e recuperação se a alimentação com leite materno for ofertada (Foto: Free Images)
No Brasil, nascem aproximadamente 3 milhões de bebês por ano, sendo que 332 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso. Muitos ficam internados e têm melhores chances de sobrevivência e recuperação se a alimentação com leite materno for ofertada (Foto: Free Images) FOTO: No Brasil, nascem aproximadamente 3 milhões de bebês por ano, sendo que 332 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso. Muitos ficam internados e têm melhores chances de sobrevivência e recuperação se a alimentação com leite materno for ofertada (Foto: Free Images)

Com o objetivo de chamar a atenção para a importância da doação de leite humano e incentivar a prática entre mães que amamentam, o Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano, lançou, na manhã desta terça-feira (16), a Campanha Doe Leite Materno. Com o slogan Um pouquinho do que você doa é tudo para quem precisa, a ação prevê o aumento do número de novas doadoras voluntárias, bem como do volume de leite humano coletado e distribuído aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano supre aproximadamente 60% da demanda para esses bebês, internados nas unidades de terapia intensiva (UTI) neonatais do Brasil. Ou seja, cerca de 40% dos bebês internados que precisam não podem contar com o leite humano na sua alimentação.

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No Brasil, nascem aproximadamente três milhões de bebês por ano, sendo que 332 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso (menor de 2,5kg). Assim que nascem, muitos precisam permanecer internados até terem condições de ir para a casa. Esses bebês têm melhores chances de sobrevivência e recuperação, se a alimentação com leite humano for ofertada.

Os Bancos de Leite Humano (BLH) são casas de apoio à amamentação que surgiram como uma estratégia de qualificação da assistência neonatal em termos de segurança alimentar e nutricional, com foco em ações que ajudam a reduzir a mortalidade infantil em instituições hospitalares. O trabalho é voltado a crianças que demandam cuidados especiais em unidades de terapia semi-intensiva e intensiva, ou seja, bebês que nasceram prematuros, com baixo peso.

Hoje existem 221 BLHs, em todos os Estados brasileiros e Distrito Federal, além de 186 Postos de Coleta e coleta domiciliar. Todo o leite coletado nos bancos passa por um rigoroso controle de qualidade, antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança.

Com o slogan "Um pouquinho do que você doa, é tudo para quem precisa", campanha do Ministério da Saúde aborda a necessidade do leite humano para o desenvolvimento dos bebês, como única fonte de alimento até os seis meses de idade

A estratégia de Bancos de Leites Humano (BLHs) do Brasil, desenvolvida há 32 anos pelo Ministério da Saúde, já beneficiou, entre os anos de 2009 e 2016, mais de 1,8 milhão de recém-nascidos. Contou com o apoio de mais de 1,3 milhão de mulheres doadoras, com aproximadamente, 1,4 milhão de litros de leite coletados. Em 2016, os BLHs do País, registraram mais de 300 atendimentos em grupos, 1,7 milhão de atendimentos individuais e aproximadamente, mais de 270 mil atendimentos domiciliares.

Como doar

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta estar saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Por isso, quem estiver amamentado e quiser doar basta procurar, segundo o Ministério da Saúde, o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o Disque Saúde, no número 136.

Não existe quantidade mínima para fazer a doação. Um pote de 300 ml de leite humano, por exemplo, pode alimentar até 10 recém-nascidos internados. Por isso, a mulher não precisa se preocupar em encher o pote para fazer a doação. Todo leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a rigoroso controle de qualidade pelos Bancos de Leite Humano antes de ser ofertado a uma criança.

Antes da coleta, é aconselhável que a doadora faça uma higiene pessoal, cobrindo os cabelos com lenço ou touca, usando pano ou máscara sobre o nariz e a boca, lavando bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão. As mamas devem ser lavadas apenas com água e, em seguida, secadas com toalha limpa. O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo. O leite humano extraído para doação pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deverá ser transportado ao banco de leite humano mais próximo da sua casa.