Estudo testa eficácia do marca-passo em pacientes com depressão moderada

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/05/2017 às 8:04
Estudo avaliou pacientes com depressão que não responderam ao tratamento convencional com medicamentos e psicoterapia (Foto ilustrativa: Pixabay)
Estudo avaliou pacientes com depressão que não responderam ao tratamento convencional com medicamentos e psicoterapia (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Estudo avaliou pacientes com depressão que não responderam ao tratamento convencional com medicamentos e psicoterapia (Foto ilustrativa: Pixabay)

Um estudo conduzido pelo Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, testou a eficácia do marca-passo (aparelho que é implantado em pessoas com diversas doenças do coração e tem a função de observar e corrigir os defeitos do ritmo cardíaco) em pacientes com depressão moderada, ou seja, que não responderam ao tratamento convencional com medicamentos e psicoterapia. Ao todo, 20 pacientes participaram do experimento. Uma parte teve eletrodos implantados na região da testa e ligados cirurgicamente ao dispositivo localizado abaixo da axila. O segundo grupo foi tratado com adesivos colocados acima da sobrancelha durante a noite. Os resultados foram promissores.

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O objetivo do experimento foi testar o nervo trigêmeo - que confere sensibilidade à face e é uma via importante de acesso ao cérebro -, em pacientes com depressão cujo tratamento convencional não respondia. "A ideia era avaliar qual estimulo era mais eficaz: a estimulação contínua por meio de marca-passo ou o adesivo colocado a noite" ressalta o neurocirurgião Antonio de Salles, membro do HCor.

Os pacientes que tiveram o implante de marca-passo e receberam a estimulação contínua tiveram melhora da depressão, sendo mais eficaz que o adesivo externo. “Isto mostra que a melhora da depressão nestes pacientes é maior por meio da estimulação durante todo o dia. Já o adesivo causa uma melhora na doença, mas não duradoura”, explica a neurocirurgiã do HCor Alessandra Gorgulho. A descoberta pode ajudar no futuro a possibilitar uma melhora na qualidade de vida das pessoas que convivem com o distúrbio.

A doença

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. De 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Já no Brasil, 5,8% da população sofre com o problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros.

Ainda de acordo com a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que conta 5,9% da população com diagnosticados com depressão. O distúrbio é a maior causa de afastamento do trabalho e de suicídios, além da diminuição da imunidade, entre outros fatores.