Contra zika, repelentes químicos são mais eficientes do que os produzidos com substância natural, diz pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 21/03/2017 às 10:54
Segundo pesquisa da Fiocruz Pernambuco, repelentes que apresentam a substância química DEET na composição agem com mais eficiência para afastar mosquitos (infectados e não infectados com zika) do que os repelentes produzidos com a substância natural icaridina (Foto: Juca Varella/Agência Brasil)
Segundo pesquisa da Fiocruz Pernambuco, repelentes que apresentam a substância química DEET na composição agem com mais eficiência para afastar mosquitos (infectados e não infectados com zika) do que os repelentes produzidos com a substância natural icaridina (Foto: Juca Varella/Agência Brasil) FOTO: Segundo pesquisa da Fiocruz Pernambuco, repelentes que apresentam a substância química DEET na composição agem com mais eficiência para afastar mosquitos (infectados e não infectados com zika) do que os repelentes produzidos com a substância natural icaridina (Foto: Juca Varella/Agência Brasil)

Nesta temporada de sol e chuva, que cria um ambiente propício à proliferação do Aedes aegypti,um estudo de pesquisadores da Fiocruz Pernambuco comprova que repelentes são eficientes contra a picado do mosquito infectado com zika. O detalhe é que os produtos que apresentam a substância química DEET na composição agem com mais eficiência para afastar mosquitos (infectados e não infectados com o vírus) do que os repelentes produzidos com a substância natural icaridina.

O achado dos pesquisadores foi publicado na revista científica Nature. “Observamos que DEET é melhor do que icaridina. Ainda assim, para uma melhor proteção, a nossa sugestão é que os fabricantes aumentem em 30% a concentração da substância no produto. Então, recomendamos que seja aplicada uma quantidade maior do repelente, especialmente para se proteger dos mosquitos velhos (aqueles alimentados, que já picaram o homem)”, explica a bióloga Rosângela Barbosa, da Fiocruz Pernambuco e uma das autoras do artigo publicado recentemente na Nature.

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O estudo, feito em parceria com a Universidade de Davis, na Califórnia (EUA), destaca ainda que o repelente precisa ser aplicado em quantidade maior especialmente para uma proteção contra os mosquitos velhos, que têm uma probabilidade maior de estarem infectados pelo zika, segundo Rosângela. “Numa quantidade pequena, observamos que não havia resposta significativa.” A pesquisadora ainda frisa que, apesar de a substância química (DEET) ter se mostrado mais eficaz, vale a pena salientar que o repelente natural (icaridina) também funciona, mas menos do que o DEET.

rosangela-barbosa "A próxima etapa é estender a pesquisa contra transmissores da dengue e chicungunha", informa Rosângela Barbosa (Foto: Divulgação/Fiocruz PE)

Para a pesquisa, foram estudados mosquitos de duas espécies: Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus (popularmente conhecido como muriçoca ou pernilongo). Durante os testes, foram criadas simulações de características humanas. “Montamos os ensaios em gaiolas. Usamos gás carbônico, chumaço de algodão com sangue de coelho (atração para a fêmea se alimentar) e papel de filtro com repelente”, diz Rosângela. Foram realizados testes com o papel de filtro sem repelente para se fazer comparações. Para cada um, foram usadas cerca de 100 fêmeas de cada espécie. As etapas foram filmadas para se observar se os mosquitos conseguiam ultrapassar a barreira feita com o papel de filtro e se alimentar no algodão.

Durante a pesquisa, as substâncias DEET e icaridina foram testadas em duas concentrações: 1% e 5%. Na primeira, a ação dos repelentes foi melhor no caso dos mosquitos não infectados com zika. Para repelir os contaminados, a melhor ação foi com 5% de concentração. “A próxima etapa é estender a pesquisa contra transmissores da dengue e chicungunha”, informa Rosângela.