Síndrome das pernas inquietas é mais comum do que se imagina. Entenda a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/03/2017 às 19:17
Sintomas da síndrome das pernas inquietas acontecem principalmente durante a noite, na hora de dormir (Foto ilustrativa: Pixabay)
Sintomas da síndrome das pernas inquietas acontecem principalmente durante a noite, na hora de dormir (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Sintomas da síndrome das pernas inquietas acontecem principalmente durante a noite, na hora de dormir (Foto ilustrativa: Pixabay)

Por ansiedade ou nervosismo, muitas pessoas desenvolvem alguns hábitos como forma de extravasar suas preocupações. Roer unhas, estralar os dedos, morder os lábios ou balançar as pernas são apenas algumas das muitas manias frequentes no cotidiano. Mas é preciso ficar atento a costumes que necessariamente não são uma mania, a exemplo da compulsão por arrancar fios de cabelo. O hábito de mexer as pernas incansavelmente, principalmente durante a noite, pode ser sinal de um distúrbio neurológico. Caracterizada pela agitação involuntária dos membros inferiores, a síndrome das pernas inquietas (ou síndrome de Ekbom) é mais comum do que se imagina. Se não tratada a tempo, pode comprometer seriamente a qualidade de vida do paciente.

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"Os sintomas da síndrome ocorrem principalmente à noite, quando o paciente já está deitado pronto para dormir. A sensação é de um desconforto muito grande nas pernas, fazendo com que ele remexa demais os membros inferiores. Algumas pessoas inclusive sentem muita dor nas pernas. Essa sensação só melhora quando a pessoa anda, mas pode acontecer durante o dia, enquanto ela realiza outras atividades. Por isso é um distúrbio que interfere muito no sono e, consequentemente, na qualidade de vida do paciente. Uma pessoa que não consegue dormir direito, não tem como viver bem", explica o neurologista Igor Bruscky.

Por ter um diagnóstico essencialmente clínico, a doença ainda é bastante subdiagnosticada. "A síndrome das pernas inquietas é uma doença comum mas subdiagnosticada. Isso porque poucos pacientes vão aos consultórios médicos com essa queixa. A maioria acha que é normal, que é apenas mais um sintoma de ansiedade", alerta Bruscky.

A síndrome pode acometer tanto homens como mulheres, principalmente em torno dos 35, 40 anos. Os especialistas ainda não sabem o que pode causar o distúrbio, mas alguns fatores, como a carga genética, podem favorecer o aparecimento dos primeiros sintomas. "A causa ainda não está bem esclarecida, mas o que se sabe é que a frequência é maior na gravidez, em pacientes que convivem com doença renal ou que estão com deficiência de ferro (anemia). Fumantes ou pessoas que consumem álcool e café em demasia também estão predispostos", alerta o médico.

Para aliviar os sintomas, o tratamento na maioria das vezes é medicamentoso. Algumas orientações repassadas pelo médico também devem ser seguidas. "Existem algumas medicações que aliviam os sintomas. Muitas vezes o tratamento é feito de uma forma temporária. Depois de um tempo o paciente melhora significativamente e suspendemos os medicamentos", explica o neurologista.

Evitar café, álcool e cigarro são algumas das principais orientações para quem convive com a síndrome das pernas inquietas. Algumas medicações podem exacerbar os sintomas, a exemplo dos antialérgicos e antidepressivos. Os benzodiazepínicos, grupo de fármacos ansiolíticos usados no tratamento da ansiedade também não são recomendados. "A grande desvantagem dos benzodiazepínicos é que eles causam dependência. Por causa desse efeito colateral, evitamos ao máximo usá-los no tratamento", finaliza.