Metade dos pacientes infectados por chicungunha persiste com inchaço nas pernas, diz pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/02/2017 às 18:35
Pesquisa mostra que pacientes que tiveram chicungunha apresentaram acometimento da circulação linfática devido à chicungunha (Foto: Free Images)
Pesquisa mostra que pacientes que tiveram chicungunha apresentaram acometimento da circulação linfática devido à chicungunha (Foto: Free Images) FOTO: Pesquisa mostra que pacientes que tiveram chicungunha apresentaram acometimento da circulação linfática devido à chicungunha (Foto: Free Images)

Da Agência de Notícias da UFPE 

A segunda fase da pesquisa Complicações Vasculares na Febre Chicungunha, idealizada por profissionais do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), revelou que 50% dos pacientes que foram infectados pelo vírus da chicungunha persistiram com inchaço nas pernas, mesmo após a fase aguda da arbovirose.

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A cirurgiã vascular do HC à frente do estudo, Catarina Almeida, explicou que, logo na primeira fase da pesquisa (realizada de março a junho de 2016), 32 pacientes se submeteram ao exame de linfocitigrafia (procedimento que permite avaliar o funcionamento do sistema linfático). Destes, 86% apresentaram características de acometimento da circulação linfática devido à chicungunha, com inchaços nos membros inferiores.

E 90 dias após a realização do primeiro exame, na segunda etapa da pesquisa, foi observado na avaliação clínica que 16 pacientes persistiram com os inchaços (mesmo após a fase aguda da doença). Vinte nove pacientes voltaram a ser acompanhados, dos quais 20 repetiram a linfocitigrafia e foi constatado que 65% deles tiveram uma piora em seu quadro, demonstrando que a chicungunha pode provocar doenças vasculares crônicas, como linfedemas (acúmulo de líquido devido ao bloqueio do sistema linfático).

"O estudo apresenta uma nova manifestação da febre chicungunha, que é o inchaço de causa linfática, e mostra a cronificação dessas manifestações pela primeira vez. O linfedema não tem cura. O paciente irá tentar controlar o inchaço dos membros inferiores por meio de fisioterapia com drenagem linfática e uso de meias", explica Catarina.

A pesquisa pode ajudar a orientar o diagnóstico e o tratamento para diminuir o inchaço e a dor. “Uma vez que se torna possível o diagnóstico precoce desse inchaço, é possível instituir o tratamento antecipado e evitar complicações”, acrescenta.

A pesquisa foi desenvolvida por Catarina, em parceria com o chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do HC, Esdras Marques, a cirurgiã vascular Gabriela Buril, a chefe do Serviço de Medicina Nuclear da unidade, Simone Brandão, e os especialistas em cardiologia Monica Becker e Roberto Buril.