Pediatra explica por que infecções virais e bacterianas são mais comuns no início da vida escolar das crianças

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/02/2017 às 9:43
"As emergências pediátricas devem ser reservadas para situações de gravidade. É mais um espaço para transmissão de infecção porque todos que estão à espera de atendimento estão doentes", frisa o pediatra Eduardo Jorge (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
"As emergências pediátricas devem ser reservadas para situações de gravidade. É mais um espaço para transmissão de infecção porque todos que estão à espera de atendimento estão doentes", frisa o pediatra Eduardo Jorge (Foto: Guga Matos/JC Imagem) FOTO: "As emergências pediátricas devem ser reservadas para situações de gravidade. É mais um espaço para transmissão de infecção porque todos que estão à espera de atendimento estão doentes", frisa o pediatra Eduardo Jorge (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Nesta entrevista, o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe), explica por que vírus e bactérias preocupam tanto na primeira infância, especialmente até os 3 anos e quando as crianças frequentam escola ou creche. Há uma série de dicas que a família pode seguir para evitar o risco de adoecimento dos pequenos.

Após os 4 anos, contudo, as crianças criam mais resistência. "É quando a frequência de infecções respiratórias diminui porque a criança já foi exposta a mais vírus. Além disso, nessa faixa etária, o calendário vacinal já está completo para a maioria", destaca o pediatra.

Por que, no primeiro semestre, o risco de as crianças adoecerem é maior?

EDUARDO JORGE DA FONSECA LIMA – Nesse período, há maior circulação de vírus respiratórios no Recife, o que acontece entre os meses de março e junho. Após o Carnaval, vêm o influenza, o vírus sincicial respiratório (VSR), que causa broquiolite, o parainfluenza e o rinovírus. E as infecções respiratórias virais favorecem o surgimento das bacterianas, entre estas, o principal fator é o pneumococo, a bactéria mais importante no surgimento de otites, pneumonias e sinusites. É fundamental verificar se a vacina pneumocócica (além de outras) está atualizada.

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As emergências devem ser evitadas?

EDUARDO - As emergências pediátricas devem ser reservadas para situações de maior gravidade e quando a família não puder contar com o pediatra que acompanha a criança. É esse profissional que deve ser procurado de forma rotineira. A emergência é mais um espaço para transmissão de infecção porque todos que estão à espera de atendimento estão doentes.

Há casos em que se recomenda tirar a criança da escola pela frequência com que ela adoece?

EDUARDO - Para as crianças que têm infecções de repetição e que usam antibióticos mais de três vezes no semestre, a escola traz mais prejuízo do que benefício. Nesse caso, se houver condições de tirar a criança da escola, essas infecções vão desaparecer. Às vezes, não é por imunodeficiência que muitas adoecem. É por excesso de contaminação cruzada (de um coleguinha para o outro).

Depois dos 4 anos, tudo melhora?

EDUARDO - É quando a frequência de infecções respiratórias diminui porque a criança já foi exposta a mais vírus e criou resistência. Além disso, nessa faixa etária, o calendário vacinal já está completo para a maioria.

As infecções respiratórias são condições que mais preocupam nos primeiros anos de vida?

EDUARDO - Precisamos falar de coinfecção (quando o organismo sofre com duas ou mais doenças ao mesmo tempo). Sabe-se que cerca de 40% das infecções respiratórias, hoje em dia, são ocasionadas por mais de dois patógenos (agentes, como vírus e bactérias, que podem causar doenças). Ou seja, são ocasionadas por um vírus e uma bactéria, duas bactérias ou dois vírus, mas especialmente um vírus e uma bactéria. Um vírus pode atuar destruindo os mecanismos de defesa e, assim, facilita que uma bactéria exerça seu potencial patogênico (que pode causar doença).