Novembro Azul: Sem preconceitos para conscientizar sobre o câncer de próstata

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/11/2016 às 9:46
"Já fiz dosagem do PSA e toque retal. Deu tudo normal. Sei de homens que deixam de passar por esses procedimentos por preconceito, mas são exames que não medem masculinidade”, comenta o corretor de imóveis Alberto Fernandes, 49 anos  (Foto: André Nery/JC Imagem)
"Já fiz dosagem do PSA e toque retal. Deu tudo normal. Sei de homens que deixam de passar por esses procedimentos por preconceito, mas são exames que não medem masculinidade”, comenta o corretor de imóveis Alberto Fernandes, 49 anos (Foto: André Nery/JC Imagem) FOTO: "Já fiz dosagem do PSA e toque retal. Deu tudo normal. Sei de homens que deixam de passar por esses procedimentos por preconceito, mas são exames que não medem masculinidade”, comenta o corretor de imóveis Alberto Fernandes, 49 anos (Foto: André Nery/JC Imagem)

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Até o fim do ano cerca de 61,2 mil brasileiros devem ser acometidos pelo câncer de próstata, cujas chances de cura podem chegar a uma média de 90% quando diagnosticado em fase inicial. Infelizmente, aproximadamente 20% dos pacientes só descobrem o tumor em estágio avançado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). O primeiro passo para baixar esse índice é romper o estigma e a vergonha que ainda rondam o rastreamento, feito pela dosagem do PSA (sigla para antígeno prostático específico, uma substância produzida pelas células da próstata) e também pelo toque retal.

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Para quebrar essas barreiras, é importante levar adiante informações sobre uma doença que representa cerca de 6% do total de mortes por câncer no mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). “Percebemos que a população tem mudado os seus conceitos em relação à realização dos exames capazes de detectar o câncer de próstata precocemente. Dificilmente, os homens se recusam hoje a fazer o toque retal depois que esclarecemos o procedimento”, informa o presidente da SBU/Regional Pernambuco, Gustavo Cavalcanti Wanderley.

0OFXHVII "Hoje há uma conscientização mais ampla sobre a doença. Há pacientes que já sugerem a realização dos exames", diz o urologista Misael Wanderley Junior (Foto: André Nery/JC Imagem)

Apesar do compartilhamento de mensagens sobre a realização de exames de acordo com faixa etária e grupos de risco, há homens que recorrem a desculpas para adiar consultas. “Acredito que esse comportamento nem é tanto pelo preconceito em relação ao exame de toque retal. É uma atitude que vem como reflexo do medo de descobrir que pode estar doente. Observo que, depois do exame, os homens se sentem mais aliviados do que envergonhados, caso recebam a notícia de que está tudo normal com a próstata”, frisa o médico Ricardo Lyra, coordenador dos Serviços de Andrologia do Hospital Getúlio Vargas (HGV) e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).

"Só com cirurgia, as chances de cura chegam, em média, a 90%. Para os outros 10%, pode ser indicado tratamento complementar, como radioterapia", esclarece o andrologista Ricardo Lyra (Foto: André Nery/JC Imagem) "Só com cirurgia, as chances de cura chegam, em média, a 90%. Para os outros 10%, pode ser indicado tratamento complementar, como radioterapia", esclarece o andrologista Ricardo Lyra (Foto: André Nery/JC Imagem)

Por outro lado, se houver suspeita de câncer ou se o diagnóstico for confirmado, o homem enfrenta um abalo emocional, assim como acontece com a maioria dos pacientes (independentemente de sexo e idade) ao receber a notícia de que precisa iniciar tratamento contra o tumor.

“A diferença é que, entre os homens, o choque após o diagnóstico tende a ser maior (em comparação ao comportamento que as mulheres adotam após receber a confirmação de algum tipo de câncer, por exemplo). Muitos ficam deprimidos e procuram apoio de um psicólogo”, ressalta Ricardo, também diretor da clínica Andros Recife, no bairro do Pina, Zona Sul da cidade. O depoimento dele reforça que investir em cuidados com a saúde mental é fundamental para manter a qualidade de vida em todas as etapas de tratamento de um câncer que tem tudo para ser vencido.

Infográfico 1 - Câncer de Próstata - 01112016

Infográfico 2 - Câncer de Próstata - 01112016

Infográfico 3 - Câncer de Próstata - 01112016