Em 2016, casos em PE de sífilis adquirida já ultrapassam números da doença no ano passado

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/11/2016 às 18:27
Enquanto, em 2015, foram registrados 1.216 casos desse tipo da doença, já estão notificados 1.661 casos nos nove primeiros meses de 2016 (Foto: Bernardo Soares / Acervo JC Imagem)
Enquanto, em 2015, foram registrados 1.216 casos desse tipo da doença, já estão notificados 1.661 casos nos nove primeiros meses de 2016 (Foto: Bernardo Soares / Acervo JC Imagem) FOTO: Enquanto, em 2015, foram registrados 1.216 casos desse tipo da doença, já estão notificados 1.661 casos nos nove primeiros meses de 2016 (Foto: Bernardo Soares / Acervo JC Imagem)

Em novembro de 2015, uma reportagem publicada aqui no Casa Saudável alertava para o aumento expressivo no número de casos de sífilis, doença infectocontagiosa e sexualmente transmissível, em Pernambuco. Um ano após o registro, o cenário no Estado é ainda mais preocupante: o número de casos da sífilis adquirida (transmitida através de relação sexual com parceiro infectado pela bactéria) até setembro deste ano já é maior do que o total registrado em 2015. Enquanto, em 2015, foram registrados 1.216 casos desse tipo da doença, já estão notificados 1.661 casos nos nove primeiros meses de 2016.

Os números de sífilis em gestantes e de sífilis congênita (aquela transmitida de mãe para filho durante a gestação) também continuam numa reta crescente. Enquanto em 2014 foram registrados 1.280 casos de grávidas com a doença, em 2015 o número aumentou para 1.307 casos. Este ano, já foram somados 954 casos até setembro. Em relação ao quadro congênito, Pernambuco registrou 774 casos em 2014, 859 casos em 2015 e já notificou 644 casos nos nove primeiros meses deste ano.

Sífilis

A preocupação com o aumento dos casos da doença em todo o País fez o Ministério da Saúde (MS) convocar as sociedades médica e civil para combater a sífilis no Brasil. No fim de outubro, durante a Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), foi assinada, com 19 associações e conselhos de saúde, uma carta compromisso estabelecendo ações estratégicas para redução da sífilis congênita no país com prazo previsto de um ano. O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar imediato tratamento com penicilina. Confira o vídeo de apresentação da campanha:

Coordenada pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, as ações terão prazo previsto de realização de um ano. O prazo corresponde ao intervalo entre o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado no terceiro sábado de outubro e a data do próximo ano. Estão previstos o incentivo à realização do pré-natal precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação; ampliação do diagnóstico (por meio de teste rápido); tratamento oportuno para a gestante e seu parceiro; incentivo à administração de penicilina benzatina, considerada o único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita. Também haverá ações de educação permanente para qualificação de gestores e profissionais de saúde.

ENTENDA A DOENÇA

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida através de relações sexuais sem preservativo, da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato direto com sangue contaminado. De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços (ínguas) nas virilhas que não doem, nem coçam e também não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, os ferimentos podem desaparecer sem deixar cicatrizes, mas a pessoa continua doente e a doença vai desenvolvendo até chegar em outro estágio. Nessa outra fase, podem surgir manchas em várias partes corpo e o paciente também pode apresentar queda dos cabelos.

Assim como na primeira fase, esses sintomas também podem desaparecer e a doença não se manifesta durante meses ou anos, até que surgem complicações mais graves, como cegueira, paralisa e doenças cerebrais.

É uma doença que tem cura, em qualquer estágio, e com fácil detecção. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento correto, considerado eficaz. "O diagnóstico precoce quebra a cadeia de transmissão da doença. Por isso, os testes deveriam fazer parte do check-up anual porque a doença geralmente é silenciosa. Mas, mesmo nesse período de silêncio, a pessoa com a doença pode transmitir para outras pessoas", alerta o coordenador estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids em Pernambuco, François Figueiroa.

PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO

O Ministério da Saúde informou que aumentou em mais de quatro vezes a quantidade de testes distribuídos a estados e municípios, passando de 1,1 milhão em 2001 para 6,1 milhões de testes em 2015. Para as gestantes, a indicação da realização dos testes rápidos é feita já na primeira consulta do pré-natal. Para realizar o teste pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o recomendado é procurar o posto de saúde mais próximo de casa.

Na estrutura municipal, há vários Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). No Recife, o CTA fica na Policlínica Gouveia de Barros, no bairro da Boa Vista, área central da capital pernambucana. Na unidade, além das testagens gratuitas, os funcionários orientam os pacientes e distribuem material informativo para a população. Pelo plano de saúde, os testes de sífilis são solicitados pelo médico.