Obesidade deve atingir cerca de 700 milhões de adultos no mundo em 2025

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/10/2016 às 14:52
Obesidade é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, se a pessoa não fizer tratamento adequado e contínuo (Foto ilustrativa: Free Images)
Obesidade é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, se a pessoa não fizer tratamento adequado e contínuo (Foto ilustrativa: Free Images) FOTO: Obesidade é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, se a pessoa não fizer tratamento adequado e contínuo (Foto ilustrativa: Free Images)

Doença crônica, a obesidade ganha o centro das atenções na terça-feira (11), dia mundial dessa epidemia que pode atingir, em 2025, cerca de 700 milhões de adultos no planeta, caso atitudes em relação a estilo de vida saudável continuem menosprezadas. A projeção é reforçada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

“O maior problema é a ausência de questões preventivas desde cedo. Há uma cultura de engrossar leite para o recém-nascido, por exemplo”, diz o médico Álvaro Ferraz, referindo-se ao uso de produtos com amido que levam a problemas com a balança já nos primeiros meses de vida.

Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Álvaro Ferraz já realizou quase 4 mil cirurgias para tratamento da obesidade e se preocupa com o acompanhamento insuficiente dos pacientes na rede pública. “Falta continuidade. A pessoa passa por uma consulta hoje e só tem volta depois de muito tempo.” O descaso que leva a saúde pública ao colapso prejudica a vigilância que o paciente merece. Por questões como essa, a Abeso lança, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o manifesto Obesidade: eu trato com respeito. Mas sem políticas de prevenção e tratamento digno, esse respeito está longe de ser atingido.

Confira o manifesto completo da Abeso: 

Obesidade: eu trato com respeito

Tratar a obesidade com respeito implica disseminar informações sobre o assunto de maneira responsável, checando suas referências. É deixar o sensacionalismo de lado ao abordar o tema. É não dar destaque a dietas milagrosas que colocam em risco a saúde e a vida das pessoas.

Tratar a obesidade com respeito é respeitar o paciente obeso. Respeitar a sua condição, é não reforçar a ideia errada de que a obesidade é culpa de quem tem. Tratar a obesidade com respeito é reconhecer que ela é uma doença crônica multifatorial.

Tratar a obesidade com respeito é investir na criação de políticas públicas de prevenção e tratamento, investir em protocolos e diretrizes junto às sociedades do setor para atender da melhor maneira o paciente obeso, tanto no âmbito público quanto no privado. É investir no acesso ao tratamento multidisciplinar.

Tratar a obesidade com respeito é integrar o tema aos currículos das escolas de medicina e de outras profissões ligadas ao atendimento do paciente obeso. É investir em atualização contínua desses profissionais.

Tratar a obesidade com respeito é respeitar a ciência e suas descobertas, e apoiar estudos na área. É reconhecer a necessidade do acesso ao tratamento completo, que pode, sim, incluir medicamentos, como em qualquer doença crônica. É considerar a cirurgia bariátrica como parte do tratamento, quando necessário.