Doação de órgãos: entidade lança portal para esclarecer mitos e verdades

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/09/2016 às 17:49
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou a plataforma online Outra Vida Nova Chance para tirar as dúvidas sobre a doação de órgãos (Foto: Free Images)
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou a plataforma online Outra Vida Nova Chance para tirar as dúvidas sobre a doação de órgãos (Foto: Free Images) FOTO: Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou a plataforma online Outra Vida Nova Chance para tirar as dúvidas sobre a doação de órgãos (Foto: Free Images)

Um total de 9.698 registros de morte encefálica no País em 2015. Esse é o único tipo de óbito que permite a doação de órgãos. Desses casos, no entanto, apenas 29% (2.954) foram transformados em doadores efetivos. Neste Dia Nacional da Doação de Órgãos (27), o cenário aponta uma triste realidade: atualmente, os 33 mil brasileiros que esperam na fila por um transplante precisam contar com a solidariedade dos familiares de pacientes que tiveram morte encefálica - e 44% recusaram a doação dos órgãos para aqueles que necessitam de uma nova chance.

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Pensando nessa barreira que dificulta o aumento no número de doações, a Associação Brasileira de Transplantes de órgãos (ABTO) lançou o portal Outra Vida Nova Chance, plataforma online para esclarecer mitos e verdades sobre o assunto. Confira as principais dúvidas sobre o assunto explicadas pelo médico nefrologista José Osmar Medina Pestana, presidente do conselho da ABTO:

1. Como doar?

No Brasil, para ser doador de órgãos e tecidos, não é necessário deixar nada escrito. Basta avisar a família. É ela quem autorização a ação.

2. E como ser um doador em vida?

Qualquer pessoa saudável pode doar o rim ou medula óssea e, ocasionalmente, parte do fígado ou do pulmão para um de seus familiares. Para doadores não parentes, há necessidade de autorização judicial, aprovação da Comissão de Ética do hospital transplantador e da CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos - INCA), assim como de comunicação ao Ministério Público.

3. E em caso de morte, como fazer?

O paciente internado em unidade de terapia intensiva (UTI) com morte encefálica, em geral causada por traumatismo craniano (TCE) ou derrame cerebral (AVC). A retirada dos órgãos e tecidos é realizada no centro cirúrgico do hospital e segue toda a rotina das grandes cirurgias. A retirada de córnea pode ser realizada até seis horas após a parada cardíaca.

4. Quais órgãos podem ser doados após o falecimento?

Rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas e também tecidos, como córneas, pele e ossos, sempre após a autorização dos familiares.

5. Como ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?

O diagnóstico de morte encefálica faz parte da legislação nacional e do Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinaram os pacientes e fazem o diagnóstico clinico de morte encefálica. Um exame gráfico, como ultrassom com Doppler ou arteriografia e eletroencefalograma, é realizado para comprovar que o encéfalo já não funciona.

6. E quem vai receber a doação?

Os órgãos são transplantados para os primeiros pacientes compatíveis que estão aguardando em lista única da central de transplante da Secretaria de Saúde de cada Estado. Esse processo, além de justo, é controlado pelo Sistema Nacional de Transplantes e supervisionado pela Mistério Público.

7. Como fica o corpo após a retirada dos órgãos e tecidos?

A retida segue todas as normas da cirurgia moderna. Todo doador pode ser velado de caixão aberto, normalmente, sem apresentar deformidades.

8. Pessoas de quais idades podem ser doadoras?

Pessoas de todas as idades e históricos médicos podem ser consideradas potenciais doadoras. Sua condição médica no momento da morte determinará quais órgãos e tecidos poderão ser doados.