Confira as alterações na visão que podem sugerir doenças neurológicas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/07/2016 às 0:04
exame de visão em bebê com microcefalia_destaque FOTO:

Imagem de pessoa com olhos claros (Foto: Divulgação) Além da dor de cabeça, dor ocular e retro-ocular, outros sintomas podem sugerir alterações neurológicas, como baixa visão, diminuição dos campos visuais, alteração do tamanho da pupila, visão dupla, estrabismo, queda da pálpebra, sensação de blackout, fotofobia, balanço no olhar e alteração na visão das cores (Foto: Free Images)

A enxaqueca é uma das principais queixas nos consultórios oftalmológicos. Se ela realmente for causada por problemas relacionados à visão, é indispensável procurar um neuroftalmologista. Essa subespecialidade da oftalmologia cuida de problemas no nervo óptico e nas vias ópticas, que são regiões do cérebro responsáveis pela visão. Além da dor de cabeça, dor ocular e retro-ocular, outros sintomas podem sugerir a presença de alterações neurológicas, como baixa visão, diminuição dos campos visuais, alteração do tamanho da pupila, visão dupla, estrabismo, queda da pálpebra, sensação de blecaute, fotofobia, balanço no olhar (nistagmo) ou ainda alteração na visão das cores.

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“Por isso, é indispensável que o paciente fique atento a esses sintomas, pois eles podem revelar outras doenças neurológicas”, explica a neuroftalmologista Marisa Kattah, do Instituto de Olhos do Recife (IOR).

Segundo a médica, algumas doenças neurológicas podem incidir diretamente na visão e, por conta disso, o paciente também deve ser acompanhado por um neuroftalmologista. Tumores cerebrais benignos, por exemplo, podem comprimir as áreas nobres relacionadas ao sistema visual. “Aneurismas, adenomas de hipófise, suspeita de hipertensão intracraniana, infecções virais, bacterianas e parasitárias, além de doenças autoimunes (como esclerose múltipla), podem afetar o nervo óptico e outras áreas do sistema visual”, diz.

Já acidentes vasculares cerebrais e tromboses podem causar perda súbita da visão e a miastenia grave (comprometimento da comunicação entre os nervos e os músculos) pode provocar visão dupla e queda das pálpebras. “Além disso, alterações nos campos visuais e na pupila, gerando dificuldade para enxergar de perto e fotofobia, podem ser originadas por doenças do sistema nervoso periférico ou autônomo, como Parkinson ou Alzheimer”, complementa a médica.

Na infância

Quem tem filhos, especialmente bebês, deve ficar atento a comportamentos que podem ser indicativos de doenças neurológicas. “Se perceber, por exemplo, que a criança não fixa o olhar ao amamentar ou ao olhar para mãe, que apresenta estrabismo ou queda da pálpebra, que tem diferenças no tamanho da pupila e na cor da íris, que não acompanha objetos e não reage à luz, ou mesmo se tem convulsões, deve procurar imediatamente um neuroftalmologista”, indica Marisa Kattah.

Foto: Diego Nigro/JC Imagem Antes mesmo de completar o primeiro mês de vida, é indispensável que o bebê faça exames de prevenção e de investigação, como exame oftalmológico completo, teste do olhinho e neuroftalmológico (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

Antes mesmo de completar o primeiro mês de vida, é indispensável que o bebê faça exames de prevenção e de investigação, como o exame oftalmológico completo, teste do olhinho e neuroftalmológico. “Esses testes incluem movimentação ocular, reflexos fotomotores da pupila e de convergência e mapeamento da retina, que ajudam a detectar qualquer anomalia”, explica.

A neuroftalmologista também chama a atenção para o fato de que, seja adulto ou criança, testes de prevenção e a indicação de exames eletrofisiológicos são indispensáveis para a eficácia do diagnóstico precoce e tratamento. “Os neurologistas, pediatras e principalmente os oftalmologistas devem encaminhar seus pacientes ao neuroftalmologista, em qualquer suspeita de alteração visual, para que ele possa ajudar a diagnosticar o quanto antes a patologia e saber lidar com ela”.

Outra alerta feita pela médica é que todo paciente, após os 15 ou 20 anos de idade, deveria realizar um exame de campo visual, como parâmetro, e não somente após a suspeita de algo importante. “Isso preveniria muitas patologias neurológicas que podem produzir alterações visuais”, finaliza Marisa Kattah.