Cientistas testam melatonina contra doença de Chagas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/04/2016 às 15:00
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medicamentos-600 Uso da melatonina, conhecida como o hormônio do sono, na doença de Chagas tem mostrado ação anti-inflamatória e protetora na fase crônica da infecção (Foto ilustrativa: Free Images)

Da Agência USP de Notícias

O chamado hormônio do sono, a melatonina, possui várias ações. Entre elas, melhorar a resposta imune e diminuir inflamações. Com isso, o uso da melatonina na doença de Chagas tem mostrado ação anti-inflamatória e protetora na fase crônica da infecção. Este é um dos mais recentes achados da equipe de pesquisadores do laboratório de parasitologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP (Universidade de São Paulo), liderada pelo professor José Clóvis do Prado Júnior.

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Acreditam os especialistas que a melatonina também apresenta potencial antioxidante, pois foi observada uma diminuição do estresse oxidativo e controle do processo de morte celular. Os pesquisadores usam o hormônio sintético idêntico ao natural, que é produzido no cérebro humano pela glândula pineal, estrutura bem pequena localizada no centro do cérebro que secreta o hormônio durante a noite e o inibe pela manhã, com a luz do sol.

Há anos estudando os efeitos desse hormônio em animais infectados pelo parasita Trypanosoma cruzi, o grupo já havia demonstrado seu papel no potencial de resposta imune na fase aguda da doença. Os resultados dessa etapa de estudos mostraram que o hormônio induziu a redução da carga parasitária no sangue e nos tecidos infectados. Já o que observaram agora, mostra que a melatonina tem ação também na fase crônica da doença de Chagas, algo considerado extremamente positivo, pois o único medicamento utilizado no Brasil, o Benzonidazol, “apresenta eficácia terapêutica limitada no tratamento de pacientes com infecção crônica”, lembra o professor Prado Júnior.

Tratando os animais na fase crônica da doença de Chagas com melatonina, a equipe da FCFRP conseguiu confirmar “as ações antioxidantes deste hormônio, reduzindo o estresse oxidativo e inflamação”. E ainda, continua o professor, “demonstramos outra característica importante da molécula de melatonina: sua capacidade de regular o processo de apoptose (morte) celular”.

Confira a matéria completa no site da Agência USP de Notícias.