"É medieval pessoas morrerem por doenças infecciosas", diz secretário interino de Saúde de SP

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 16/03/2016 às 11:11
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Imagem de larvas do Aedes aegypti (Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem) A única ação efetiva disponível para controlar dengue, chicungunha e zika é combater o Aedes aegypti (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

"É medieval hoje pessoas morrerem por doenças infecciosas. Estamos vivendo as mesmas dificuldades do sanitarista Oswaldo Cruz", afirmou na terça-feira (15) o secretário interino de Estado de Saúde de São Paulo, Wilson Pollara, durante o Seminário Lide, promovido pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, no Hotel Pullman, na capital paulista. Pollara detalhou todo o trabalho que vem sendo feito pelo Governo do Estado de São Paulo no combate do Aedes aegypti e contra a multiplicação dos casos de dengue, chicungunha e zika.

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"A única ação efetiva disponível é combater o vetor. Porém, a saúde pública brasileira conta com dois grandes esforços nessa guerra: a vacina da farmacêutica multinacional Sanofi Pasteur e o Instituto Butantan, que acaba de entrar na última fase de testes, e espera-se que até 2017 esteja no mercado", pontuou o secretário. "Infelizmente, os casos de microcefalia foram o principal motor para que as pessoas tomassem consciência e se preocupem mais na luta contra o mosquito", acrescentou o secretário interino.

"Vivemos as mesmas dificuldades do sanitarista Oswaldo Cruz", diz Wilson Pollara (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia) "Vivemos as mesmas dificuldades do sanitarista Oswaldo Cruz", diz Wilson Pollara (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)

SURPRESA

Marcos Boulos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos principais especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do Brasil, que atua na Secretária de Estado de Saúde de São Paulo, contribuiu com o debate. Ele disse que foi pego de surpresa, no ano passado, pelo zika vírus. "Nunca tinha ouvido falar nesse vírus, apesar de atuar há mais de 40 anos com doenças infecciosas", afirmou.

Segundo o professor, são 50 milhões de caso de dengue por ano no mundo e, infelizmente, o Brasil dispara no gráfico do ranking. Um levantamento do custo financeiro da dengue nos serviços estaduais de saúde do Estado de São Paulo revela que foram gastos entre U$ 122 milhões a U$ 161 milhões somente no primeiro trimestre do ano passado para atendimento ambulatorial, internação e serviços de unidade de terapia intensiva (UTI) para aproximadamente 409 mil pacientes que foram notificados com a doença no mesmo período.

"O grande problema do Brasil no combate ao Aedes aegypti é político. A batalha contra o mosquito acontece na esfera municipal e, infelizmente, durante as eleições, as prefeituras deslocam funcionários que atuam no combate do vetor para outras atividades. Aí está um o grande erro: não há barreira de municípios nem de Estados para o Aedes", argumentou Boulos.

Fonte: Seminário Lide