Pernambuco tem a primeira morte em investigação por chicungunha

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/01/2016 às 16:35
dengue_destaque FOTO:

"Na literatura científica, só há quatro casos descritos na Índia de miosite após chicungunha", diz Lúcia Brito (Guga Matos/JC Imagem) "Na literatura científica, só há quatro casos descritos na Índia de miosite após chicungunha", diz Lúcia Brito (Guga Matos/JC Imagem)

Os resultados dos exames da paciente Daniele Santana, 17 anos, que faleceu no último dia 6 de janeiro no Hospital da Restauração (HR), área central do Recife, mostram que a jovem, uma índia xucuru de Pesqueira, cidade do Agreste de Pernambuco, teve uma infecção por chicungunha, que evoluiu para miosite (síndrome neurológica caracterizada por inflamação nos músculos, que causa fraqueza muscular), infecção respiratória e generalizada. "É a primeira morte em investigação em Pernambuco por chicungunha. Antes de confirmar, precisamos investigar o prontuário e revisar os exames que a paciente fez. É um procedimento de rotina da vigilância", informa o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

No Brasil, já foram confirmadas três mortes por chicungunha, sendo duas na Bahia e uma em Sergipe. As três vítimas eram idosas (85, 83 e 75 anos) e apresentavam histórico de doenças crônicas.

Leia também:

» Pela primeira vez, Brasil confirma três mortes por chicungunha

» Combate ao Aedes aegypti: Recife vive o boom da chicungunha

» Chicungunha: Confira os cuidados que podem ajudar a amenizar efeitos da doença

A miosite após uma infecção por chicungunha é um quadro bastante raro. “Na literatura científica, só há quatro casos descritos na Índia”, diz a neurologista Lúcia Brito, chefe do Setor de Neurologia do HR. Os sintomas da miosite são semelhantes aos síndrome de Guillain-Barré, que tem sido associada à infecção pelo vírus zika. A diferença é que a miosite não causa inflamação nos nervos, como acontece com Guillain-Barré.

Em abril do ano passado, Lúcia iniciou uma pesquisa com os pacientes que foram atendidos no HR com complicações neurológicas. Ao todo, foram 150. "Conseguimos fazer a revisão de 99 protuários. Desses, 55 tiveram Guillain-Barré, sendo quatro após infecção por zika e quatro por dengue. Entre eles, nove morreram”, diz a neurologista.