Combate ao Aedes aegypti: Recife vive o boom da chicungunha

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/01/2016 às 12:12
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Imagem da barra do combate ao mosquito

Na Rua Anchieta, em Santo Amaro, é difícil encontrar alguém que ainda não adoeceu com sintomas clássicos da chicungunha (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) Na Rua Anchieta, em Santo Amaro, é difícil encontrar alguém que ainda não adoeceu com sintomas clássicos da chicungunha (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Em uma semana, os casos suspeitos de chicungunha praticamente duplicaram na capital pernambucana, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Recife. Até 19 de dezembro de 2015, 807 pessoas apresentaram sintomas, contra 439 registros no boletim da semana anterior. Isso reflete a força de uma doença que, no Estado, eclodiu no Agreste há cinco meses e se disseminou pelo território pernambucano, que registra 2.550 pessoas doentes com sinais de chicungunha.

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No Recife, o reflexo desse avanço está na Rua Anchieta, onde há um posto de saúde, em Santo Amaro, área central da cidade. Lá, é difícil encontrar alguém que ainda não adoeceu com sintomas clássicos da chicungunha: dores nas articulações dos pés, mãos, joelhos, tornozelos e pulsos.

Na Unidade de Saúde da Família Santo Amaro I/Sítio do Céu, profissionais relatam que diariamente chegam moradores com queixas da doença. A situação requer planejamento da atenção básica porque a chicungunha tem potencial de tornar-se crônica. “De 30% a 50% da população adoecem quando um vírus começa a circular numa determinada epidemia. Metade desse percentual pode cronificar com dor no caso de chicungunha. Em algumas situações, esse sintoma passa de 60 dias”, diz o clínico geral Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O depoimento do médico reforça a necessidade de o Estado dar suporte contínuo a esses pacientes, como a dona de casa Socorro Ferreira da Silva, 69 anos, moradora da Rua Anchieta. Ela começou a apresentar sinais de chicungunha em outubro. “Tive febre, dor no corpo e mal-estar. Precisei cortar o cabelo porque não aguentava penteá-lo de tanta dor. Meu filho, minha nora e meu neto de 7 anos já adoeceram. Se não tomo remédio, a dor volta”, conta.

Vizinha de Socorro, a dona de casa Sandra Marques, 53, também apresentou sintomas de chicungunha há um mês. “Dor nos ossos, febre, canseira e fastio. Meus pés incharam, senti fraqueza e fiquei sem força para andar.” Moradora da mesma rua, a dona de casa Maria José da Costa, 62, adoeceu há dois meses. Continua com dificuldade para fechar as mãos. “Quando parei o remédio, a dor voltou”, diz Maria José, cuja mãe, de 83 anos, também teve sintomas da doença.

Para lidar com as formas crônicas da chicungunha, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, informa que, ainda este mês, será iniciada capacitação em controle da dor para médicos da rede municipal. “Também já discutimos como pode ser a abordagem do fisioterapeuta nesses casos, com apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família”, diz.

A coordenadora de Controle da Dengue, Chicungunha e Zika da Secretaria Estadual de Saúde, Claudenice Pontes, reconhece a elevada taxa de ataque da doença. “Os casos estão aumentando na Gerência Regional de Saúde de Afogados da Ingazeira (Sertão), no Grande Recife e em Goiana (Zona da Mata). Ainda este mês, equipe da secretaria vai a Fernando de Noronha para fazer uma busca ativa nas unidades de saúde, não só de chicungunha, mas também de dengue e zika”, relata Claudenice.