Pernambuco passa a notificar pacientes com sintomas de zika

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/12/2015 às 11:42
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O Estado registra, a partir de agora, os casos de zika, associado à microcefalia

Relacionada a um inusitado aumento dos casos de microcefalia, a zika passa a ser de notificação compulsória em Pernambuco a partir de hoje, quase seis meses após a confirmação laboratorial da circulação do vírus da zika no Estado. Com essa atitude, o governo reconhece que dengue e zika podem ser graves e diferenciáveis e, dessa maneira, reforça o olhar para possíveis complicações do vírus, que já atinge nove países das Américas e que, apenas no Brasil, deve ter infectado até 1,4 milhão de pessoas, segundo o Ministério da Saúde. As projeções para Pernambuco mostram que, no mínimo, cerca de 35 mil pessoas devem ter sido contaminadas pelo vírus – considerado, até pouco tempo, mais brando do que o da dengue.

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Ao exigir o registro obrigatório por parte dos profissionais de saúde, o Estado passa a contar com a oportunidade de fazer um maior trabalho de enfrentamento ao mosquito nas áreas de maiores ocorrências da doença. Além disso, a notificação compulsória permite uma vigilância e acompanhamento dos casos para que possam ser feitas projeções das possíveis complicações que podem surgir em decorrência da zika.

Até o momento, não há ensaios sorológicos comerciais disponíveis para a detecção de anticorpos específicos para o vírus da zika. “Os médicos podem notificar os casos suspeitos a partir da distinção dos sintomas da dengue e da zika. Na dúvida, é possível registrar as duas doenças para uma melhor vigilância dos casos”, esclarece a coordenadora de controle da dengue, chicungunha e zika da Secretaria Estadual de Saúde, Claudenice Pontes.

Para reforçar o acompanhamento, os hospitais das redes pública e privada receberão novas capacitações em 2016 para atender pacientes com suspeita de arboviroses (doenças transmitidas por mosquito), alcançando no mínimo 80% de profissionais. Essa é uma das ações do Plano Estadual de Enfrentamento às Doenças Transmitidas pelo Aedes Aegypti.

Além disso, Pernambuco instituiu, em 2013, um programa de sensibilização de dengue, que ajuda profissionais a reconhecerem sinais da doença em 15 minutos. É uma conduta que pode auxiliar a separar as doenças na hora da notificação. “Em 80% dos casos, dengue e zika são diferenciáveis. Capacitações podem ajudar o médico a fazer essa distinção”, diz o médico Carlos Brito, do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.

Também estão sendo notificadas gestantes que apresentam manchas vermelhas na pele (sinal clássico da zika). Ao todo, são sete no Estado que já apresentaram esse sintoma. Elas serão acompanhadas por toda a gravidez para se investigar quais delas apresentarão (ou não) ultrassom indicativo de microcefalia.