Casos suspeitos de difteria em Pernambuco alertam para importância da vacinação

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/09/2015 às 14:00

Foto da entrada do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem) Irmãos de Salgueiro deram entrada no Hospital Oswaldo Cruz com suspeita de difteria; irmão mais novo dos jovens morreu no último sábado também com suspeita da doença (Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem)

No último sábado (5), dois irmãos gêmeos Cosme e Damião Sigernando da Silva, ambos com 19 anos, moradores da Zona Rural de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, deram entrada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife, com suspeita de difteria. O irmão deles, Paulo Sigernando da Silva, 14 anos, morreu na madrugada do sábado também com suspeita da doença.

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O diagnóstico, embora ainda não confirmado, acende o botão de alerta sobre a doença. Afinal, após o surgimento das vacinas tríplice bacteriana e pentavelente, casos de difteria se tornaram cada vez mais raros no Brasil. A infecção, causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae e transmitida através de contato físico e respiratório, só tem como ser evitada de uma forma: com a imunização.

A vacina tríplice viral, a mesma usada contra tétano e coqueluche, é a única medida preventiva e segura contra a difteria. As primeiras doses devem ser administradas aos 2, 4 e 6 meses da criança. Uma vez vacinada com as três doses, cada pessoa deve repetir a vacina a cada 10 anos. "Se há algum ferimento grave, perfurante ou destruição de tecido causada por algum acidente, deve-se repetir a dose a cada cinco anos", ressalta a infectologista Polyana Monteiro, do Huoc. A principal preocupação dos especialistas é com a atualização da caderneta de vacinas.

"A doença pode atingir principalmente crianças e adolescentes. Nesse faixa etária, contudo, os pais estão mais atentos ao calendário vacinal. Por isso, tomamos bastante cuidado com adultos, que se esquecem de fazer o reforço do calendário vacinal", explica.

Os principais sintomas da doença são febre alta, dor na garganta, queda do estado geral do paciente e formação de placas amareladas nas amígdalas, laringe e nariz. "Nos casos mais graves, o paciente tem dificuldade para engolir e respirar, além de apresentar inchaço no pescoço. É um quadro bem diferente das amigdalites bacterianas clássicas", acrescenta Polyana.

O diagnóstico é feito através de exame de cultura da inflamação na garganta. Uma vez diagnosticado, o paciente é tratado inicialmente com soro antidiftérico e antibiótico. Se não tratada a tempo, a doença pode levar à morte. "A difteria pode ser uma doença bastante grave, pois causa uma obstrução mecânica das vias aéreas, e o paciente geralmente precisa ser submetido a procedimentos cirúrgicos", finaliza a especialista.

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