Mais de 40% dos brasileiros se queixam de sintomas respiratórios como tosse e falta de ar

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/09/2015 às 13:06
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A prevalência de doenças respiratórias é maior entre mulheres adultas (Foto: Free Images) A prevalência de doenças respiratórias é maior entre mulheres adultas (Foto: Free Images)

Já parou para pensar como você respira? Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da farmacêutica Boehringer Ingelheim do Brasil, revelou que 44% dos brasileiros apresentam sintomas respiratórios, como tosse, falta de ar, chiado no peito e coriza, que alteram a nossa respiração e geralmente são percebidos como manifestações de doenças como asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Dessa parcela da população, 35% disseram ter asma e 37% citaram bronquite crônica.

O levantamento, que foi feito com 2.010 pessoas de maio a junho deste ano, teve como objetivo traçar um panorama sobre a percepção das doenças respiratórias, tratamentos e impacto nas atividades de rotina, como também conhecer a fundo o comportamento de quem tem algum desses problemas.

Ao analisar a pesquisa, o professor de pneumologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Clystenes Odyr Soares alega que chama atenção a grande quantidade de pessoas que disseram ter  bronquite crônica, uma doença bem menos frequente e relacionada a anos de tabagismo. "Por isso, é bem provável que a bronquite crônica, mencionada nos resultados, seja asma na realidade, principalmente se os primeiros sintomas surgirem ainda na infância, como é o caso de 73% dos entrevistados que responderam ter bronquite", diz Clystenes.

A presença de sintomas respiratórios difere entre sexo, segundo os resultados da pesquisa: 39% dos homens e 46% das mulheres responderam ter tido a saúde afetada por esse tipo de doença. "Essa prevalência maior entre mulheres adultas corresponde aos dados publicados em estudos já bem conhecidos pelos médicos. Em um grande estudo da Organização Mundial da Saúde, por exemplo, realizado em nove países em desenvolvimento, estimou-se que de 50% a 60% dos indivíduos que procuraram unidades básicas de saúde eram mulheres. Portanto, é importante que a população feminina esteja atenta às alternativas de controle e tratamento de doenças respiratórias", acrescenta o médico.

Prevalência de sintomas respiratórios por região (Divulgação) Sintomas respiratórios por região (Divulgação)

Um dado que chamou atenção em relação aos pacientes que disseram ter asma é a alta percepção de controle versus o entendimento sobre as consequências da doença em sua vida: 91% percebem a doença como controlada, enquanto 72% reconhecem consequências da asma nas atividades de rotina simples, como trabalhar. “Esse levantamento nos alerta para a percepção equivocada que os pacientes parecem ter em relação aos sintomas respiratórios que não são valorizados e, consequentemente, podem não receber a avaliação médica adequada", explica Clystenes.

Para ele, é interessante notar essa contradição: "Como é possível que a maioria dos pacientes perceba a doença como controlada e, ao mesmo tempo, reconheça o prejuízo nas atividades de rotina? Infelizmente, esse descuido em relação ao controle da asma não é novidade para nós médicos, pois existem estudos publicados que reforçam este cenário preocupante", complementa.

Assim, vale estarmos atento às doenças respiratórias e procurarmos um médico com o aparecimento de qualquer sintoma. No caso de pacientes com asma, a atenção ao controle dos sintomas é fundamental para que o tratamento seja o mais adequado, a fim de possibilitar uma melhor qualidade de vida.