Trombose em recém-nascidos e crianças não é mapeada na América Latina

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/08/2015 às 8:45
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Em recém-nascidos, as causas da trombose podem incluir o baixo peso e a infecção generalizada  (Foto: JC Imagem) Em recém-nascidos, as causas da trombose podem incluir o baixo peso e a infecção generalizada (Foto: JC Imagem)

Apesar de soar estranho, a trombose pode acometer recém-nascidos. O problema, caracterizado pelo acúmulo de coágulos dentro de vasos sanguíneos, veias e artérias, impedindo a circulação adequada de sangue no organismo, é tema do Congresso Internacional do Grupo CLAHT (Cooperativo Latino-Americano de Hemostasia e Trombose), que termina neste sábado (29) em São Paulo.

"Há dois tipos de trombose pediátrica: a neonatal e a que ocorre durante o restante da vida da criança. Em ambos os casos, tanto o território venoso quanto o território arterial podem ser acometidos", explica o hematologista pediátrico Leonardo Brandão, professor associado do Departamento de Pediatria da Universidade de Toronto, no Canadá.

A trombose pediátrica é uma comorbidade que está cada vez mais em evidência na área médica e deve ter tanta atenção como as outras doenças. “Nos Estados Unidos, por exemplo, gasta-se 90 milhões de dólares por ano para tratar trombose em crianças. Ainda há uma falta quase que total de registros da doença em âmbito nacional e latino-americano, que seriam imprescindíveis para gerar hipóteses científicas e projetos para linhas de pesquisas”, esclarece o hematologista pediátrico.

A trombose acontece devido a vários fatores. Em recém-nascidos, por exemplo, as causas podem incluir o baixo peso, a sepse (infecção generalizada), o uso do cateteres centrais e outros tipos de procedimentos usados no tratamento de doenças complexas.

Os sintomas da trombose variam de acordo com a área acometida. Tromboses arteriais estão associadas à perda de cor e temperatura do membro acometido, com ou sem dor. Por outro lado, a obstrução venosa pode levar ao inchaço, aumento da temperatura local e dor, de acordo com o grau de edema que se instala.

O diagnóstico é feito a partir de exames de imagem que indicam a obstrução da veia e/ou artéria. O tratamento varia de acordo com o caso, mas geralmente é feito à base de anticoagulantes.

“A esperança é que, com encontros como o congresso do grupo CLAHT, a difusão desses problemas médicos possa facilitar o reconhecimento e aumentar a colaboração entre colegas de mesma especialidade, para que iniciativas em prol de uma melhora do tratamento, pesquisa e educação possam continuar a crescer no continente”, frisa Leonardo Brandão.