Alerta: Em uma hora de narguilé, inala-se o equivalente à fumaça de 100 a 200 cigarros

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/08/2015 às 15:30
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Usado a longo prazo, o narguilé causa câncer de pulmão, boca e bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias (Foto: Free Images) Usado a longo prazo, o narguilé causa câncer de pulmão, boca e bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias (Foto: Free Images)

O alerta vem do Ministério da Saúde: fumar narguilé é como fumar 100 cigarros. Esse aviso sobre o uso do cachimbo oriental marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29/8) e mostra o quanto o produto, que é bastante ofensivo, pode ser a porta de entrada para a dependência do cigarro. Por isso, as ações deste ano para o Dia Nacional de Combate ao Fumo relacionam o narguilé e a iniciação ao fumo. O público-alvo são adolescentes e adultos jovens (entre 13 a 35 anos), de ambos os sexos, fumantes ou não.

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A estratégia é prevenir a experimentação e a iniciação, que acontece principalmente entre os 13 e os 25 anos. Nos países em desenvolvimento, a média de idade de iniciação ao tabagismo é de 12 anos. Isso faz os especialistas considerarem o tabagismo como uma doença pediátrica.

De uso coletivo e aparência exótica, o narguilé chega a parecer menos nocivo do que outros produtos de tabaco fumados por usar um filtro d'água e, muitas vezes, aromatizantes e flavorizantes (aditivos que conferem aroma e sabor agradáveis ao tabaco). Mas, usado a longo prazo, o narguilé (assim como todos os produtos de tabaco fumados) causa câncer de pulmão, boca e bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias.

Além disso, ao compartilhar o narguilé com outros usuários, o fumante pode ficar exposto ao vírus do herpes, a outras doenças da boca, à hepatite C e à tuberculose.

E mais: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma sessão de narguilé dura em média de 20 a 80 minutos, o que corresponde à exposição de todos os componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 a 200 cigarros.

O que revelam os números

De acordo com a pesquisa Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola), do Ministério da Saúde, o consumo de narguilé por jovens de três capitais (São Paulo/SP, Campo Grande/MS e Vitória/ES) foi elevado em meninas e meninos. A prevalência do consumo do cachimbo oriental em São Paulo foi a mais alta: 93,3% dos entrevistados que consumiam outros derivados do tabaco fumado, além do cigarro industrializado, declararam usar o narguilé com maior frequência. Em Campo Grande, 87,3% dos estudantes ouvidos disseram usar o cachimbo oriental. Já em Vitória, o percentual ficou em 66,6%. O narguilé era o produto de tabaco mais consumido após o cigarro.

Entre estudantes universitários da área de saúde, em pesquisa feita nos municípios de São Paulo, Brasília (DF) e Florianópolis (SC), do total das pessoas que declararam consumir com frequência outros produtos de tabaco além do cigarro industrializado, mais de 55%, declararam fazer uso do narguilé. Em São Paulo, esse percentual chegou a aproximadamente 80%.

Jovens fumantes

No Brasil, segundo a Vigescola, entre 20% e 45% dos jovens entre 13 e 15 anos já experimentaram o cigarro. A Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), comprova a iniciação ao tabagismo antes da vida adulta: 75% dos fumantes brasileiros iniciam-se no tabagismo até os 18 anos e 67% começam a fumar regularmente com 18 anos ou menos.

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