Cerca de 20% dos idosos recifenses relatam ter sofrido violência em casa, diz pesquisa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/06/2015 às 6:00
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É necessário criar ações de combate à violência contra a pessoa idosa (Foto: Free Images) É necessário criar ações de combate à violência contra a pessoa idosa (Foto: Free Images)

Profissionais do Distrito Sanitário I promovem, nesta segunda-feira (15/6), ações de saúde com a intenção de chamar a atenção para o Dia Mundial de Combate à Violência contra a Pessoa Idosa. A iniciativa, da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, tem o apoio da Secretaria de Saúde do Recife. Nesse contexto, chamamos atenção para o estudo Violência contra idosos no ambiente doméstico: prevalência e fatores associados (Recife/PE). A pesquisa revela que, dos 274 idosos entrevistados, 57 tinham sinais indicativos de violência, o que corresponde à prevalência de 20,8%, com pelo menos um dos tipos de violência sofrida pelos idosos no ambiente doméstico.

O estudo foi produzido por pesquisadoras da Universidade Federal de Pernambuco e publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva. A pesquisa também chama atenção para o fato de as mulheres, por causa da maior fragilidade física e emocional, estarem mais sujeitas a maus-tratos no ambiente doméstico do que os homens. Elas geralmente temem denunciar o agressor por medo de sofrer represálias. Outro detalhe apresentado pelas pesquisadoras é que os idosos dependentes para as atividades instrumentais da vida diária também são os que mais relatam ser vítimas de violência.

As violências contra a pessoa idosa podem ser visíveis ou invisíveis: as visíveis são as mortes e lesões; as invisíveis são aquelas que ocorrem sem machucar o corpo, mas provocam sofrimento, desesperança, depressão e medo. Entre os tipos de maus-tratos, vale chamar atenção para a violência física (uso da força física para compelir idoso a fazer o que não deseja para feri-lo, provocar dor, incapacidade ou morte), a violência psicológica (agressão verbal ou gestual com o objetivo de aterrorizar a pessoa idosa ou humilhá-la), violência financeira ou econômica (exploração ilegal a idoso, ou uso de seus recursos financeiros e patrimônios, sem consentimento), violência sexual, abandono ou negligência.

Idosos dependentes para as atividades instrumentais da vida diária são os que mais relatam ser vítimas de violência (Foto: Free Images) Idosos dependentes para as atividades instrumentais da vida diária são os que mais relatam ser vítimas de violência (Foto: Free Images)

As estatísticas mostram que, por ano, cerca de 10% dos idosos brasileiros morrem por homicídio. E a incidência comprovada, no mundo inteiro, é que de 5% a 10% dos idosos sofrem violência física visível ou invisível e que pode ou não provocar a morte. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a pessoa idosa é definida por ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes e que prejudicam a integridade física e emocional dessa população, o que impede o desempenho de papel social do público dessa faixa etária.

Evento chama atenção para os maus-tratos

Serviços de aferição de pressão arterial, teste de glicose, orientação de saúde bucal e hipertensão são oferecidos, na Estação Central do Metrô do Recife, nesta segunda-feira (15/6), das 8h às 12h. A Coordenação Distrital de Saúde mobilizou dois acadêmicos de enfermagem, cinco estagiários, três residentes em enfermagem e uma técnica de saúde bucal para oferecer os serviços aos idosos. Além das orientações sobre os cuidados com a saúde, profissionais fazem abordagem para conscientizar sobre o tema da violência contra os idosos.

“Vamos distribuir materiais às pessoas idosas que estiverem na Estação Central do Metrô. Como há uma grande circulação de pessoas no local, esperamos chamar a atenção sobre o cuidado com o idoso”, diz a coordenadora de Política de Saúde do Idoso do Distrito Sanitário I, Amarílis Escobar, uma das organizadoras do evento.

Para denunciar:

Delegacia Policial do Idoso - Rua da Glória, 301 - Boa Vista - Recife/PE. Telefones: 81 3184-3771 e 81 3184-3769