Pneumonia resistente a antibióticos preocupa infectologistas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/03/2015 às 6:00

Criança com doença respiratória em nebulização (Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem) Pneumonia causados pela cepa 19A, uma linhagem que é resistente a antibióticos, afeta principalmente crianças e idosos (Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem)

Com a chegada do outono, começa o período de prevenção das doenças respiratórias, que são uma das principais causas de mortes no Brasil. A pneumonia, enquadrada no grupo, é a segunda infecção respiratória mais frequente no País e representa uma grande ameaça a duas faixas etárias: crianças e idosos. No atual contexto, um fenômeno recente vem preocupando os infectologistas: o aumento no Brasil do número de casos de pneumonia causados pela cepa 19A, uma linhagem que é resistente a antibióticos.

O cenário é particularmente preocupante em crianças abaixo de 5 anos. Entre 2006 e 2012, por exemplo, a incidência desse sorotipo no Brasil saltou de 3,8% dos casos para 9,6% nessa faixa etária, como aponta o Sistema Regional de Vacinas (Sireva) da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

O Brasil segue uma tendência mundial, uma vez que esse fenômeno já foi identificado também nos Estados Unidos, em países da Europa e na Austrália. Já na América Latina, a situação começou a ficar preocupante recentemente. Atualmente, após 20 anos de estabilidade do sorotipo 19A, os infectologistas ressaltam a necessidade de monitoramento, após publicação de estudo científico.

“Diante deste cenário, a prevenção por meio da imunização se configura como a melhor alternativa para evitar a contaminação das crianças pelo pneumococo”, afirma a infectologista Rosana Richtmann, doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg (Alemanha) e médica das Comissões de Controle de Infecção (CCIH) do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e das maternidades Santa Joana e Pro Matre Paulista.

Paralelamente às crianças, pessoas com mais de 60 anos representam o outro grupo mais atingido pela pneumonia. Nesse sentido, o impacto das doenças pneumocócicas tende a crescer globalmente, uma vez que a idade média da população mundial está aumentando.

“Para essa faixa etária, a vacinação contra doenças infectocontagiosas, como a pneumonia, desempenha uma função estratégica, uma vez que protege um indivíduo que já apresenta um sistema imunológico mais suscetível a essas enfermidades, em função da idade avançada e de eventuais doenças como hipertensão, diabetes e cardiopatias”, lembra a médica Lessandra Michelim, presidente da Sociedade Rio-grandense de Infectologia e professora da Universidade de Caxias do Sul.