Exercício é benéfico para quem tem insuficiência cardíaca, diz estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/02/2015 às 15:00

Grupo do Incor mostra como atividade física é benéfica para quem tem insuficiência cardíaca (Foto: Marcos Santos/USP Imagens) Grupo do Incor mostra como atividade física é benéfica para quem tem insuficiência cardíaca (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Da Agência Fapesp

Em portadores de insuficiência cardíaca, qualquer atividade simples do cotidiano, como subir escadas, fazer compras ou tomar banho pode causar taquicardia, fadiga e dificuldade para respirar.

Essa intolerância ao esforço, segundo dados da literatura científica, está relacionada com uma hiperatividade do sistema nervoso simpático – parte do sistema nervoso autônomo responsável por controlar, entre outros fatores, os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a contração e o relaxamento de vasos sanguíneos.

Os mecanismos moleculares por trás da hiperatividade simpática e os efeitos benéficos do treinamento físico na modulação desse sistema foram investigados durante o doutorado da pesquisadora Lígia Antunes-Corrêa, realizado no Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (Incor/USP), no âmbito do projeto Bases celulares e funcionais do exercício físico na doença cardiovascular, coordenado pelo professor Carlos Eduardo Negrão, que também é membro da coordenação adjunta de ciências da vida da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Os resultados foram publicados recentemente no American Journal of Physiology – Heart and Circulatory Physiology.

“Existem dois tipos de receptores no tecido muscular: o metaborreceptor e o mecanorreceptor. Quando eles são estimulados, a atividade simpática aumenta. Mas em pacientes com insuficiência cardíaca, esse aumento é exagerado, o que parece estar relacionado com uma hiperatividade dos mecanorreceptores. Isso faz com que os pacientes se cansem mais facilmente. Queríamos entender melhor por que isso ocorre”, explica Lígia.

Como a própria nomenclatura sugere, o mecanorreceptor é uma espécie de sensor mecânico, ativado pela simples contração e relaxamento muscular. Já o metaborreceptor é um sensor químico, ativado pelos metabólitos produzidos em resposta à contração do músculo.

Em pessoas saudáveis, a ativação desses receptores durante a realização de exercícios físicos tem a função de aumentar a atividade do sistema cardiovascular e respiratório e garantir o aporte adequado de sangue e oxigênio para as células.

“Mas estudos anteriores mostraram que, como a musculatura dos portadores de insuficiência cardíaca sofre uma série de alterações metabólicas em razão da redução no fluxo sanguíneo e da hiperatividade simpática, o metaborreceptor fica em contato constante com uma série de metabólitos produzidos em excesso, mesmo durante atividade leves do dia a dia, e acaba perdendo sua sensibilidade. Como forma de compensação, o receptor mecânico fica hiperativado”, acrescenta Lígia.

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