Emoção marca relato de mulheres que vivenciaram parto normal após cesárea

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 05/02/2015 às 9:00
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Literatura científica mostra que o parto normal é possível após cesárea (Foto: Divulgação) Literatura científica mostra que o parto normal é possível após cesárea (Foto: Divulgação)

A análise crítica do discurso de relatos de mulheres, no Brasil e nos Estados Unidos, que vivenciaram parto normal (vaginal) após uma ou mais cesáreas (o chamado VBAC - sigla em inglês para vaginal birth after c-section), revela o resgate do universo feminino, o aumento do conhecimento sobre si mesmas e seus corpos, além de gerar empoderamento. Os dados estão na tese de doutorado da professora universitária Luciana Carvalho Fonseca, defendida recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), sob a orientação da professora Stella Esther Ortweiler Tagnin.

A pesquisadora reforça que a literatura científica mostra que o parto normal é possível após cesárea. Os discursos dos relatos revelam mulheres seguras, felizes, satisfeitas e em paz com o próprio corpo que sofreram transformações positivas devido ao VBAC. “Ocorre uma reconstrução da própria biografia: elas reconhecem que a cesárea anterior foi desnecessária e, com isso, vão se fortalecendo. Há um empoderamento que as tornam mais fortes”, conta.

A pesquisadora encontrou palavras como “renasci“, “guerreira“, “mulher maravilha“, além de frases como: “Parir é como escalar o Everest“, “Parir é como correr um maratona”, “Eu pari quando o mundo todo disse que eu não conseguiria” e “Me sinto uma rainha“, entre outras.

“No Brasil, o número total de cesáreas aumentou 400% nos últimos 40 anos: de 14,5% em 1970, para 52% em 2010. Só no setor privado, as cesáreas respondem por 88% dos nascimentos. Nos Estados Unidos, cerca de 75% dos nascimentos são por parto normal, contra 25% de cesáreas. A recomendação da Organização Mundial de Saúde é que a taxa de cesárias fique entre 10% e 15%”, informa Luciana.