Aplicativos ajudam crianças com autismo, distúrbios de fala e linguagem

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/11/2012 às 11:50

BRASÍLIA - Cada vez mais, os recursos tecnológicos têm dado a mão à fonoaudiologia, com a intenção de oferecer benefícios à comunicação das pessoas e consequentemente melhorar a qualidade de vida delas. Inspirada nesse cenário, a fonoaudióloga Bárbara Fernandes desenvolveu uma série de aplicativos para crianças que apresentam problemas de voz e linguagem, gagueira e autismo.

As ferramentas estão sendo apresentadas no 20º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que vai até o próximo sábado (3/11), em Brasília. "Tive a ideia de desenvolver esse trabalho quando passei a atender uma criança com autismo e que despertou o interesse pela terapia ao interagir com a tela touchscreen do smartphone", diz Bárbara, que criou o primeiro aplicativo em 2009 e, sem planejar, logo se viu elaborando outros.

Foi assim que ela criou a empresa Smarty Ears, que já conta com mais de 40 aplicativos e hoje é referência, nos Estados Unidos, em ferramentas tecnológicas para crianças com atrasos de fala e linguagem, com gagueira, autismo e síndrome de Down. Os aplicativos estão disponíveis para venda na App Store, com preços que variam de R$ 20 a R$ 100. Há 11 opções em português, 50 em inglês e 8 em espanhol.

(Cliquei aqui e conheça todos os aplicativos)

A popularição do trabalho de Bárbara no território americano se explica pelo fato de ela morar em Dallas há 10 anos. Baiana, ela foi estudar na Filadélfia aos 19 anos, quando estava na graduação de fonoaudiologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que tem convênio de cooperação internacional com a Temple University. Foi lá onde ela terminou o curso de fonoaudiologia. Em seguida, ela fez mestrado na University of Texas e, desde então, estabeleceu-se nos Estados Unidos, investindo na Smarty Ears.

"O foco da empresa é criar produtos que possam ser utilizados por fonoaudiólogos e pelas crianças que têm distúrbios da fala ou linguagem. Através dos aplicativos, é possível promover as competências de comunicação apropriadas", explica a fonoaudióloga.

Ela ainda acrescenta que, pelo fato de a criança ter o aprendizado estimulado através do tato, da visão e da audição, o iPad é interessante para o desenvolvimento infantil, se for usado de forma adequada. Há casos em que os pequenos, após aprenderem a manusear o produto, conseguem até usar as ferramentas sozinhas. Outros realmente precisam de ajuda durante fonoterapia ou durante diversão com pais.

Interessante é que, após cada sessão lúdica, os aplicativos emitem um relatório sobre o desempenho da criança. Assim, é possível acompanhar a evolução da garotada ao longo do processo terapêutico, através da comparação dos documentos apresentados após cada terapia.

"No Brasil, contabilizamos 30 downloads diários dos nossos aplicativos na App Store. Nos Estados Unidos, esse número já chega a 300", diz Bárbara. Ela já lançou, em língua inglesa, um aplicativo para adultos com afasia - distúrbio caracterizado pela diminuição das funções de linguagem. O produto, que se chama I name it, estará disponível em português.

* A jornalista viajou a convite da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia