Proteste: 42% dos médicos não têm o hábito de prescrever genéricos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/08/2011 às 16:36

Pesquisa divulgada hoje (23/8), durante o 9º Seminário Internacional de Defesa do Consumidor, em São Paulo, revela que a população confia nos genéricos e chega a pedir para o médicos prescrevê-los.

Uma leva da classe médica, contudo, ainda tem dúvidas sobre esses remédios por causa do processo de avaliação da qualidade e da falsificação.

O levantamento, conduzido pela Proteste Associação de Consumidores, entrevistou 690 adultos, de 18 a 64 anos, e 119 médicos entre abril e junho de 2011. O intuito foi saber o que as pessoas pensam, como agem, como se comportam e quais suas experiências com esses medicamentos.

Para 45% dos médicos que participaram da pesquisa, o processo de avaliação e controle de qualidade dos genéricos é menos exigente do que o que ocorre com os medicamentos de marca. E 44% deles acreditam que esses remédios sofrem mais falsificações.

Ainda assim, 92% deles afirmaram ter recomendado o medicamento no último ano para reduzir o custo de tratamento ou a pedido do paciente.

Uma boa parte dessa parcela de profissionais da saúde não concordou com a ideia de os genéricos serem tão eficazes (30%), nem de terem a mesma segurança (23%) que os remédios de referência. Quase metade (42%) afirmou não ter o hábito de prescrevê-los.

O levantamento também destaca que os farmacêuticos influenciam os consumidores na hora de comprar os genéricos. Segundo 88% dos entrevistados, pelo menos uma vez, esses profissionais sugeriram a substituição do remédio prescrito por um genérico.

VISÃO DO CONSUMIDOR - A pesquisa ainda revela que, para 83% dos consumidores entrevistados, os genéricos são tão eficazes quanto os medicamentos de referência. E para 80% deles, apresentam inclusive a mesma segurança.

A opinião dos entrevistados não mudou quando perguntados se fariam uso dos genéricos para tratamento de doenças de diferentes tipos de gravidade. Cerca de 90% dos entrevistados afirmaram também que é fácil encontrar os genéricos nas farmácias.

Os genéricos existem desde 2000 e representam 21% das vendas de remédios - percentagem ainda pequena. Só no primeiro trimestre de 2011, no entanto, esses medicamentos tiveram um aumento de 32% nas vendas, estimulados pela priorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de registrar e avaliar primeiramente os genéricos.