Diagnóstico precoce de Alzheimer traz esperança, mas ainda é visto com cautela

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/08/2011 às 0:35

De volta de Paris, onde acompanhou as novidades da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC, na sigla em inglês), realizada em julho, o geriatra Alexandre de Mattos chama atenção para a questão do diagnóstico precoce da doença de Alzheimer (DA).

"Investiga-se como isso poderá ser feito através de neuroimagem molecular e dos biomarcadores beta-amiloide e proteína tau no líquido cefalorraquidiano (LCR), que trazem a chamada assinatura da DA", diz o médico, que é professor da Universidade de Pernambuco (UPE).

Ele participou do evento, ao lado dos geriatras Adriano Gordilho (Salvador) e Paulo Canineu (São Paulo), como também dos neurologistas Gutemberg Amorim e Terce Liana Mota de Menezes - ambos de Pernambuco.

Biomarcadores, vale traduzir, podem ser explicados como ferramentas que avaliam o risco que temos de desenvolver determinadas doenças. Eis alguns exemplos: níveis de glicose no sangue são biomarcadores da diabete e taxas de colesterol são biomarcadores do risco de doença cardiovascular.

No caso da DA, estudos têm mostrado uma maior concentração da proteína tau no LCR em um grupo de pessoas com prejuízos cognitivos.

No entanto, de que adianta diagnosticar precocemente a doença de Alzheimer se não existirem, daqui para frente, medicamentos ou outras alternativas capazes de modificar o curso da enfermidade?!?

É aí onde está o xis da questão: "Se não houver medicação para frear a doença, não existem motivos para dar este diagnóstico precoce. Então, vamos esperar os primeiros resultados das pesquisas feitas com os fármacos que são ditos como modificadores da DA", frisa Alexandre. Os resultados desses estudos, segundo ele, devem sair em 2012.

A AAIC é um encontro científico promovido pela Associação de Alzheimer (www.alz.org). Por enquanto, pesquisadores acreditam que o tratamento capaz de conter a progressão da enfermidade e de preservar as funções cerebrais é mais efetivo quando administrado nos estágios mais leves da doença.

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