Novas diretrizes da doença de Alzheimer podem aumentar número de casos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/06/2011 às 0:36

Lançadas em maio pela Associação Americana do Alzheimer, em parceria com o Instituto Nacional do Envelhecimento dos Estados Unidos, as novas diretrizes da doença altera pontos importantes em relação às condutas anteriores, que vêm sendo usadas desde 1984.

As novas diretrizes para o diagnóstico da doença de Alzheimer (DA) podem aumentar o número de casos da doença.

No Hospital do Coração, em São Paulo (HCor/SP), ocorreu um aumento de 10% em 2010, em comparação a 2009. Agora, a DA será identificada como uma sucessão de estágios:

- A doença em si, com sintomas evidentes

- O comprometimento cognitivo leve, com sintomas brandos

- O estágio pré-clínico, quando os sintomas são inexistentes, mas já ocorrem alterações cerebrais identificáveis

Pode-se dizer que essas novas condutas incorporam o uso dos chamados biomarcadores (como o nível de determinadas proteínas presentes no sangue ou no líquido da medula) para realizar o diagnóstico e avaliação da doença.

Sobre as mudanças nas diretrizes, a neurologista Maristela Costa, responsável pelo check-up neurológico do HCor/SP, afirma que o comprometimento cognitivo leve se torna um novo diagnóstico, o que pode resultar no aumento de pessoas identificadas em um dos novos estágios de Alzheimer.

As novas condutas para Alzheimer agora identificam estágios claros da doença. O primeiro (e mais severo) é a demência - sinal caracterizado por um déficit cognitivo e funcional. E isso deve ser definido não somente pela perda de memória, mas também por problemas de localização visioespacial e raciocínio.

Outro estágio, o comprometimento cognitivo leve, pode representar uma fase inicial de demência que consiste em debilidades mais modestas, principalmente de memória, que podem indicar uma futura ocorrência da doença.

"As atuais diretrizes resultarão em pouquíssimas mudanças na prática clínica atual utilizada no diagnóstico de Alzheimer", diz Maristela. "Os novos critérios, contudo, estão realmente abrindo o leque de possibilidades para investigarmos mais a doença e eventualmente encontrarmos abordagens que podem ser cruciais para evitar Alzheimer", conclui a médica.

PACIENTES COM RISCO

Uma técnica que permite antecipar um possível diagnóstico de Alzheimer, antes da doença se manifestar, foi assunto abordado durante o 7º Congresso Brasileiro do Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado de 15 a 18 de junho, na cidade de Gramado (RS).

Durante o encontro, a equipe de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), encabeçada pelo Professor Orestes Vicente Forlenza, apresentou resultados de estudos que analisaram a suscetibilidade de algumas pessoas ao problema.

Quem revelou o teor dessas pesquisas foi o psiquiatra Breno Satler Diniz, da USP. "O trabalho descreve os padrões de alterações em biomarcadores de líquor e plasma nos pacientes sob risco elevado de desenvolver Alzheimer", diz o médico.

Com essa técnica, de acordo com ele, poderá ser uma realidade a identificação precocemente de pacientes mais predispostos à manifestação da doença. "Dessa maneira, poderemos selecionar pacientes que se beneficiariam de opções terapêuticas mais específicas precocemente", finaliza o pesquisador.

* Leia alguns dos posts que o Casa Saudável já publicou sobre Alzheimer:

- O impacto mundial da doença de Alzheimer

- Alzheimer: é tempo de agir

- Só a mente ativa blinda o cérebro contra Alzheimer?