Hemorroidas incomodam. O lado bom é que podem ser exterminadas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/06/2011 às 1:31

Quem tem sabe que as hemorroidas, também chamadas de doença hemorroidária, causam um sofrimento imenso, interferem na qualidade de vida e atrapalham o dia a dia.

Estrutura responsável pela proteção do canal anal, por auxiliar na retenção das fezes e drenagem venosa da região, a hemorroida pode ser definida como cada uma das veias varicosas do ânus e da parte inferior do reto. Quando elas inflamam, o problema aparece.

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Coloproctologia mostra que a incidência de doença hemorroidária em consultório de coloproctologia foi de 27,3% (9.289 casos da enfermidade em 34 mil pacientes). Desta taxa, 26% (ou 2.417 pacientes) foram submetidos à cirurgia. 

O trabalho foi realizado por especialistas do serviço de coloproctologia da Santa Casa de Belo Horizonte e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Entre os principais sintomas do problema, estão leve sangramento (observado nas fezes e/ou no papel higiênico), ardência anal, coceira e exteriorização anal ao defecar. Todos esses sinais impactam negativamente a vida social e profissional dos pacientes.

Quando esse quadro é grave, um tratamento se faz necessário. Em alguns casos, os portadores de hemorroidas necessitam de intervenção cirúrgica. Pensando na recuperação dessas pessoas que precisam se submeter à operação, pesquisadores italianos decidiram desenvolver um equipamento capaz de diminuir a dor pós-operatória, os riscos de estenose (estreitamento do canal anal e deformidades) e sangramento.

Foi criado, então, o transanal hemorrhoidal dearterialization (THD), um anuscópio especialmente desenvolvido e conectado a uma sonda doppler que permite fácil identificação dos ramos terminais da artéria hemorroidária. Segundo especialistas, esta é a cirurgia menos invasiva já desenvolvida.

Comparado a métodos tradicionais, os benefícios observados em pacientes submetidos à cirurgia com o método THD são bastante significativos. Com baixo índice de retorno da doença, além da redução ou ausência de complicações (ou dor pós-operatória), o procedimento oferece ao paciente rápido retorno ao trabalho.

Segundo o coloproctologista Carlos Mateus Rotta, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, o método THD é hoje uma valiosa opção terapêutica, minimamente invasiva, para o tratamento da doença hemorroidária. "A cirurgia traz bons resultados. Por respeitar a anatomia, ela age diretamente sobre a causa e corrige os prolapsos sem ressecção numa abordagem fisiológica, uma vez que permite a preservação de tecidos", esclarece o médico.

É importante ressaltar que ainda não se sabe exatamente sobre as complicações do THD. "Já conhecemos algumas, como desconforto no reto, prurido, excesso de muco, sangramento, queimação ou dor anal", diz Carlos Mateus Rotta.

"São sintomas, contudo, que desaparecem em pouco tempo. Todas as outras cirurgias têm também esses contratempos e em maior quantidade", finaliza o coloproctologista.