Liraglutida é a nova terapêutica para diabete tipo 2 que chega ao Brasil

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/05/2011 às 18:36

Quem convive com diabete tipo 2, versão da doença que acomete cerca de 90% dos portadores, já pode contar com uma nova terapia da Novo Nordisk que acaba de chegar às redes de farmácias e drogarias brasileiras.

Trata-se de liraglutida (nome comercial Victoza), medicação que é destinada aos pacientes com mais de 18 anos e que proporciona não só o controle glicêmico, mas também promove perda de peso (média de 3 kg), redução significativa da pressão arterial e melhora da função das células beta, responsáveis por sintetizar e secretar a insulina.

Liraglutida, vale explicar, é um análogo do hormônio GLP-1 (produzido no intestino quando a pessoa come, ele ajuda o organismo a fabricar insulina e aproveitar a glicose) e possui 97% da identidade de sequência de aminoácidos de GLP-1 nativo.

O medicamento age no pâncreas estimulando a liberação de insulina apenas quando os níveis de açúcar no sangue estão altos. Ou seja: está associado ao baixo risco de hipoglicemia. Além disso, o medicamento é metabolizado naturalmente pelo organismo e não possui excreção renal.

A aplicação de liraglutida se dá através de uma caneta de injeção subcutânea, uma vez ao dia, no horário mais conveniente para o paciente – uma vez determinado o horário, deve ser repetido para a manutenção do intervalo de 24 horas. Além disso, ao ser aberto, o medicamento tem validade de 30 dias e não necessita de armazenamento refrigerado.

"O fato de liraglutida promover um controle da pressão arterial, além de favorecer a perda de peso por retardar o esvaziamento gástrico e aumentar a sensação de saciedade após as refeições, torna-o um medicamento diferenciado", diz o diretor médico da Novo Nordisk, Marcelo Freire. Ele ressalta que tanto a hipertensão arterial como o sobrepeso são fatores de risco comumente associados à diabete e responsáveis por complicações graves.

Vale informar que liraglutida foi aprovado nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration, em 25 de janeiro de 2010. Por lá, já é comercializado, assim como no Canadá, na Alemanha, no Reino Unido, na França, na Itália, na Dinamarca, na Irlanda, na Noruega, na Polônia, na Áustria, no Japão, em Israel, no México, na Argentina, na Arábia Saudita, em Omã e na China.

A medicação também recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em junho de 2010.

PESQUISA - O programa de estudos clínicos Ação e Efeito de Liraglutida no Diabetes (Lead, em inglês) testou exaustivamante a eficácia e segurança de liraglutida (Victoza).

Mais de 4,4 mil pacientes de 40 países em todo o mundo foram reunidos em cinco estudos, que compararam diretamente liraglutida aos tratamentos de diabete normalmente utilizados com glimepirida, rosiglitazona, insulina glargina e exenatida.

Os principais achados dos estudos Lead apontam que o tratamento com liraglutida em todos os casos resultou em superior controle do açúcar no sangue. O percentual de pacientes que atingiu a meta da Associação Americana de Diabetes (ADA, em inglês) dos níveis de açúcar no sangue foi significativamente mais alto com todas as doses de liraglutida em todas as comparações.

A perda de peso média também foi maior no grupo com liraglutida comparado com os outros grupos. No grupo da insulina glargina, por exemplo, o peso aumentou em torno de 1,6 kg.