Diagnóstico precoce do glaucoma é essencial para evitar cegueira

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 26/05/2011 às 1:27

Sabe quando a gente faz aquela triagem numa antessala, antes de entrarmos no consultório do oftalmologista? As moças que fazem essa triagem sempre pedem para a gente sentar de frente para um aparelho e ficar com os olhos bem abertos para a máquina dar um soprinho, né?!?

Esse exame não dói e é um procedimento fundamental para medir a pressão ocular e analisar se a gente tem ou não glaucoma - uma doença que consiste numa lesão do nervo óptico e provoca perda progressiva e irreversível da visão.

Se a enfermidade não for diagnosticada precocemente ou se o paciente não seguir corretamente o tratamento sugerido pelo médico, a cegueira pode se instalar. É por isso que hoje (26/5), no Dia Nacional de Prevenção e Combate ao Glaucoma, é importante disseminar informações sobre uma doença que acomete mais de um milhão de brasileiros, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Estima-se que, em 2020, o mundo tenha 1,2 bilhão de pessoas portadoras de glaucoma acima de 60 anos, segundo estudo publicado no Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. "Prevenir a cegueira ainda é um dos grandes desafios da oftalmologia. É preciso apostar na promoção da visão, que consiste em repassar informações à população sobre as formas capazes de evitar doenças e perda visual", diz o oftalmologista Fábio Casanova, diretor do Hospital Memorial Oftalmo Recife Eye Center.

Entre as pessoas que possuem mais risco de desenvolver a enfermidade, estão aquelas com mais de 40 anos, os indivíduos que têm antecedentes da doença na família, os hipermétropes ou míopes e os portadores de diabete, além de outros grupos.

Os sintomas dependem do tipo da doença apresentada por cada paciente. Em muitos casos, o paciente tem a enfermidade e se apresenta assintomático. Por isso, um check-up frequente da visão se faz necessário. Já em outras situações, os portadores de glaucoma notam um aparecimento súbito de sinais, que podem incluir dores oculares e cefaleias intensas, olho avermelhado, visão enevoada, halos coloridos à volta da luz e perda repentina da visão.

"No glaucoma crônico, os sintomas costumam aparecer em fase avançada. O paciente não sente a perda da visão até vivenciar uma ‘visão tubular’, que ocorre quando há grande perda do campo visual. Se a doença não for tratada, pode levar à cegueira", afirma o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Paulo Augusto de Arruda Mello.

Ele é um dos especialistas que participam hoje (26/5) da abertura do Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), realizado em Belo Horizonte. O evento, que vai até o dia 28, tem a grade científica toda voltada para o diagnóstico precoce e o tratamento do glaucoma.

Diagnóstico e tratamento - A detecção, nas fases inicias, é importante porque impulsiona o sucesso da terapêutica. "O exame oftalmológico preventivo é essencial, já que 80% dos pacientes acometidos com a doença não apresentam nenhum tipo de sintoma", complementa Paulo Augusto. Ele ainda ressalta que, em geral, o tratamento do glaucoma é feito através de colírios. "Para aqueles que não apresentam resultados satisfatórios seguindo esse procedimento, a cirurgia torna-se uma opção."

Para investigar se o paciente tem ou não glaucoma, os oftalmos recorrem não somente ao exame que mede a pressão do olho, já que mais de 30% dos portadores da enfermidade apresentam níveis de pressão ocular normais.

Por saber disso, o médico também recorre a outros testes e procedimentos capazes de detectar possíveis alterações do nervo óptico. "Caso o glaucoma seja diagnosticado, o paciente deve se submeter regularmente a exames para verificar se a doença está controlada", avisa Fábio Casanova.

A perda da visão causada pelo glaucoma, vale frisar, é irreversível. Se a doença for detectada bem no comecinho, contudo, essa diminuição visual intensa pode ser evitada através de um tratamento adequado, que deve ser seguido por toda a vida. Como informou anteriormente o médico Paulo Augusto de Arruda Mello, os colírios e a cirurgias são as opções terapêuticas.