Psiquiatra defende criação de comitês antibullying nas escolas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/04/2011 às 6:00

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, defendeu a criação de comitês antibullying nas escolas durante audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Câmara dos Deputados, realizada na última quarta-feira (27/4).

Convidado pela deputada Liliam Sá, presidente da Frente, Antônio Geraldo fez críticas à política de saúde mental do Governo Federal. "Quem diz que não acredita em antidepressivos não está preocupado em tratar seus doentes mentais", disse ele ao lembrar as declarações feitas pelo coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori.

Antônio Geraldo também ressaltou a ausência dos psiquiatras nas equipes de saúde mental e a dificuldade de tratamento. "Hoje, os professores já conseguem suspeitar dos alunos com problemas de saúde mental, mas para onde encaminhá-los para tratamento?", indagou. "Não basta o governo mostrar disposição para resolver o problema; é preciso vontade política para implantar programas efetivos nas escolas", argumentou o presidente da ABP.

Já o pediatra Aramis Antônio Lopes Neto disse que o bullying é um fenômeno universal que pode começar a ser praticado pelas crianças a partir dos 3 anos de idade. Ele admitiu que, entre as principais consequências do problema, está a necessidade de atendimento em serviço de saúde mental.

"Estudos mostram que alvos de bullying podem desenvolver sérios problemas de saúde mental aliados à insegurança, a dificuldades de se relacionar e à possibilidade de insucesso profissional", afirmou Aramis.

A deputada Cida Borghetti (PP/PR) elogiou a explanação do presidente da ABP e pediu o apoio da associação para o projeto de lei apresentado por ela, aprovado pela Comissão de Seguridade Social, que altera o artigo 53 do ECA, responsabilizando os jovens enquanto estudantes. E a deputada Rosane Ferreira (PV/PR) concordou com a explanação de Antônio Geraldo, que mostrou como é uma utopia encontrar um psiquiatra na rede pública de saúde. "Não deveria ser assim."

Na audiência, ele reforçou que negar a doença mental é a forma mais fácil de não tratá-la e pediu a todos que fizessem uma reflexão: "Que filhos estamos criando para deixar no mundo?", finalizou.

Fonte: Imprensa ABP/Elisabel Ferriche

* Leia o que o Casa Saudável já publicou sobre bullying:

- Palestra na Jaqueira sobre bullying e emoções