Pílula: benefícios além da contracepção

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/11/2010 às 1:15

A pílula anticoncepcional já faz parte da minha rotina, como acontece com várias mulheres nos quatro cantos do planeta. E não é apenas por causa da contracepção que faço uso dela. Recorro ao contraceptivo oral porque ele foi capaz de mandar pra bem longe a minha tensão pré-menstrual (TPM). Confesso que essa relação com o anticonceptivo nem sempre foi amigável.

Experimentei, há uns oito anos, uma pílula que me deixava inchada, entediada... E nem se fala quando chegava a hora do intervalo de sete dias entre uma cartela e outra: era TPM na certa! Diante de tanto incômodo, não passei mais de três meses tomando o medicamento. O desgosto que enfrentei diante da contraceptivo me fez criar uma espécie de bloqueio diante desses comprimidos.

Só voltei a tomar o anticoncepcional há cerca de cinco anos e, nas primeiras cartelas, fiquei meio desconfiada, apesar de escutar minha ginecologista dizer que essa era uma opção com uma menor carga hormonal.

E não é que me adaptei totalmente?!? Incrível como as pílulas modernas, com dosagens baixíssimas (principalmente a que tem regime de tomada de 24 comprimidos e quatro dias de pausa), fornecem benefícios extras a nós, mulheres.

São comprimidinhos que ajudam a aliviar os sintomas da TPM, atuam como coadjuvantes no tratamento da síndrome dos ovários policísticos (distúrbio que se manifesta por irregularidade menstrual, acne, aparecimento de peles na fase, entre outros sintomas), além de reduzirem a oleosidade da pele e do cabelo.

E mais: o método contraceptivo em questão diminui a cólica menstrual (não, eu não me lembro mais da última vez que sofri com essas dores) e reduz o fluxo menstrual excessivo. Ah, os anticoncepcionais com doses mais baixas de hormônio também dão uma mãozinha para amenizar a retenção de líquido.

Não por menos, muitas mulheres modernas não se veem longe das pílulas com combinações hormonais mais avançadas. Mas nem sempre foi assim. A primeira pílula, lançada nos Estados Unidos em 1960, tinha altas doses de hormônio, que favorecia o aparecimento de efeitos colaterais e, por isso, não conquistou as usuárias. Só para ter uma ideia, em 1961, chegou ao Brasil um contraceptivo oral que tinha uma formulação seis vezes maior que a quantidade de princípio ativo dos anticoncepcionais atuais.

Felizmente, o cenário é outro. Os números de hoje mostram como as pílulas conseguem atrair o universo feminino: aproximadamente 80 milhões de mulheres no mundo utilizam a pílula. E cerca de 16 milhões recorrem ao medicamento na América Central e na do Sul, sendo que as brasileiras usam os contraceptivos orais durante um período maior (de dois a cinco anos), enquanto que as mexicanas utilizam o método por apenas um ano sem interrupção.

Por falar em pausas, pra que parar por um tempo? Vários especialistas são unânimes quando afirmam que as mulheres suspedem o uso do anticoncepcional oral por questões culturais. Afinal, é um método reversível de controle de natalidade que preserva a fertilidade da mulher, mesmo após longos períodos de utilização.

Ah, e como houve uma redução significativa da quantidade de hormônios nas formulaçãoes, uma porção de ginecologistas sente-se segura ao afirmar que algumas mulheres podem emendar uma cartela na outra. Já ouvi vários médicos assegurarem que a pausa só serve para o sangramento vir e ponto final. Como há pacientes que sentem os incômodos da TPM nessa parada entre uma caixa e outra do remédio, mesmo diante de uma baixa dosagem de hormônios, os especialistas recomendam o uso contínuo.

É o caso da webdesigner Sílvia Moraes, que faz uso de método contraceptivo há quase nove anos. Ela já recorreu à injeção mensal e ao adesivo semanal. De 2007 para cá, começou a usar pílula de progesterona porque passou a amamentar. "O médico falou para eu tomar sem pausas porque, além de não ter problema algum, eu iria interromper as menstruações. Que bom!", relata Sílvia.

Ela diz que a única desvantagem é que ter que se lembrar diariamente de tomar os pequenos comprimidos. "Às vezes, esqueço. Mas o lado bom é que não tenho mais cólicas. E por ter uma dosagem hormonal mais fraquinha, não interfere no peso", complementa a webdesigner.

Para não se esquecer dos comprimidos diários, uma boa dica é tomar o anticoncepcional sempre na mesma hora. É uma forma de se criar um hábito. Quando a gente deixa escapar a pílula por algum dia, o risco de engravidar existe. Por isso, é sempre bom incorporar o remédio à nossa rotina.

Mas é bom frisar que a pílula anticoncepcional não é para qualquer mulher. E que isso fique bem claro. Existe um grupo de risco, formado por aquelas que fumam e por quem já teve tromboembolismo venoso e/ou embolia pulmonar. Somente um médico é capaz de dizer quem pode e quem não pode fazer uso dos contraceptivos hormonais. Ou seja, vamos sempre dizer não à automedicação e tomar pílula (ou qualquer outro remédio) apenas com recomendação de um especialista - de preferência, um ginecologista.?